São Paulo – A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de São Francisco, Mary Daly, destacou nesta terça-feira a crescente discrepância entre o reconhecimento da importância dos bancos comunitários e o ambiente regulatório cada vez mais exigente que enfrentam. Em discurso na Conferência para Banqueiros Comunitários, organizada pela American Bankers Association, Daly enfatizou que a estrutura de supervisão precisa ser ajustada ao porte, à complexidade e ao perfil de risco dessas instituições.
“Queremos um sistema bancário seguro e sólido, mas também um sistema que fomente inovação e crescimento”, afirmou Daly, alertando para os desafios impostos pelo aumento da carga regulatória. Segundo dados citados pela presidente, os bancos comunitários foram submetidos a 157 novas regras entre 2008 e 2019, o equivalente a uma nova regulamentação a cada 28 dias.
Daly destacou que o setor bancário americano é um dos mais diversos do mundo, com mais de 4.500 instituições seguradas pela FDIC, e que os bancos comunitários desempenham um papel essencial no financiamento de pequenas empresas e no suporte a comunidades locais, especialmente em momentos de crise, como na pandemia de covid-19.
Para enfrentar os desafios regulatórios, a economista propôs três princípios-chave: (1) a necessidade de revisão contínua das normas para adaptá-las a um ambiente dinâmico; (2) a avaliação criteriosa dos custos e benefícios de cada regulamentação, considerando a diversidade do setor bancário; e (3) uma visão holística das regras, garantindo que o impacto cumulativo da regulamentação não inviabilize o funcionamento dos bancos comunitários.
Ao encerrar, Daly reforçou que a política regulatória deve atuar como uma salvaguarda do sistema financeiro, sem distorcer a concorrência. “Nenhum banqueiro comunitário quer privilégios, apenas um ambiente justo”, concluiu.
Em seu discurso, a presidente do Fed de São Francisco não mencionou a política monetária do banco central.