São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira o quarto corte nas taxas de juros de referência em 2024, reduzindo-as em 0,25 ponto percentual. Durante uma coletiva de imprensa após o anúncio, a presidente do BCE, Christine Lagarde, mencionou que houve discussões sobre um possível corte mais agressivo de 0,50 ponto percentual.
Lagarde justificou a medida com a percepção de que “a inflação está no bom caminho para atingir o objetivo de 2% no médio prazo”, mas advertiu que “ainda não podemos declarar vitória contra a inflação”. Ela também ressaltou que a recuperação econômica da zona do euro tem sido mais lenta do que o esperado, com um crescimento “perdendo força”, exportações abaixo do desejado e empresas retendo investimentos devido à incerteza econômica.
Em relação ao mercado de trabalho, Lagarde observou que a taxa de desemprego continua baixa e o mercado de trabalho permanece resiliente, embora “a demanda por mão de obra continue a enfraquecer”. Quanto à inflação, ela previu que os preços deverão “flutuar próximo do nível atual no curto prazo”.
A presidente do BCE também destacou que “a maioria das expectativas de inflação está em torno de 2%”, o que representa um sinal positivo. No entanto, ela alertou sobre riscos tanto ascendentes quanto descendentes para a inflação. “Os riscos descendentes incluem a baixa confiança, o estresse geopolítico e o baixo investimento. Já os fatores de risco ascendente envolvem os salários, os lucros e a geopolítica”, detalhou.
Sobre a taxa neutra, Lagarde afirmou que o Conselho do BCE não discutiu o tema durante a última reunião, sublinhando, ainda, que “a taxa neutra não pode ser determinada com exatidão”. No entanto, o BCE indicou a possibilidade de mais flexibilização monetária no futuro, com Lagarde sugerindo que o banco central poderia manter uma postura restritiva por mais tempo, com o objetivo de alcançar a meta de inflação um pouco mais tarde, em 2025.
Por fim, a presidente alertou que “os custos trabalhistas deverão abrandar” e que “os lucros das empresas devem ajudar a compensar parcialmente os custos trabalhistas mais elevados”, uma dinâmica que pode ajudar a mitigar as pressões inflacionárias. Lagarde também reafirmou que “os riscos para a estabilidade financeira permanecem elevados”, embora tenha reiterado que “a política macroprudencial continua a ser a primeira linha de defesa contra a acumulação de vulnerabilidades financeiras”.