Decisão visa garantir convergência da inflação, frisa ata do Copom

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São Paulo, 10 de maio de 2022 – O Copom concluiu que um novo ajuste de 1,00 ponto percentual era apropriado. Os membros discutiram a sinalização futura de política monetária. O Comitê optou, então, por sinalizar, como provável, uma extensão do ciclo, com um ajuste de menor magnitude na próxima reunião. A avaliação faz parte da ata da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC), encontro realizado entre 3 e 4 de maio.

 

“Tal estratégia foi considerada a mais adequada para garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos, ao mesmo tempo que reflete o aperto monetário já empreendido, reforça a postura de cautela da política monetária e ressalta a incerteza do cenário’, frisou o documento.

 

O Copom iniciou sua discussão com a avaliação do ciclo de ajuste empreendido até a presente reunião. Ressaltou-se que o ciclo de aperto monetário corrente foi bastante intenso e tempestivo e que, devido às defasagens de política monetária, ainda não se observa grande parte do efeito contracionista esperado bem como seu impacto sobre a inflação corrente.

 

Ainda assim, o Comitê notou que ocorreu deterioração marginal tanto na dinâmica inflacionária de curto prazo quanto em suas projeções mais longas, ainda que o cenário esteja cercado de incerteza e volatilidade acima do usual.

 

Ambiente global segue se deteriorando

 

Ao avaliar o cenário externo, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC), em ata divulgada hoje, indicou o ambiente global ainda se deteriorando. “As pressões inflacionárias decorrentes da recuperação global após a pandemia foram exacerbadas pelo avanço nos preços de commodities este ano e, mais recentemente, pela nova onda da Covid-19 na China, com potencial de prolongar ainda mais o processo de normalização do suprimento de insumos industriais”, destacou a ata.

 

Segundo o documento, a reorganização das cadeias de produção globais, já impulsionada pela guerra na Ucrânia, deve se intensificar, com a busca por uma maior regionalização na cadeia de suprimentos. Na visão do Comitê, esses desenvolvimentos podem ter consequências de longo prazo e se traduzir em pressões inflacionárias mais prolongadas na produção global de bens.

 

A ata destaca que bancos centrais de países desenvolvidos e emergentes têm adotado uma postura mais contracionista em reação ao avanço da inflação, ainda que, em boa parte dessas economias, as taxas de juros correntes ainda estejam em campo avaliado como expansionista. “Diante da potencial persistência do processo inflacionário, a reprecificação da política monetária nos países avançados tem impactado as condições financeiras dos países emergentes”.

 

Crescimento da atividade interna está dentro do esperado

 

No âmbito doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgado desde a última reunião do Copom indica um crescimento em linha com o que era esperado pelo Comitê. “O mercado de trabalho segue em recuperação e indicadores relativos ao comércio e à indústria apresentaram melhora na margem”, frisa o documento.

 

Os membros do Comitê reiteraram que a inflação ao consumidor segue elevada, com alta disseminada entre vários componentes, se mostrando mais persistente que o antecipado. A inflação de serviços e de bens industriais se mantém alta, e os recentes choques levaram a um forte aumento nos componentes ligados a alimentos e combustíveis.

 

Segundo a ata, as leituras recentes vieram acima do esperado e a surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos mais associados à inflação subjacente. “Nos itens mais voláteis, continua se destacando o aumento do preço da gasolina, com impacto maior e mais rápido do que era previsto. Os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária seguem com inflação elevada e as diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 7,9% e 4,1%, respectivamente”.

 

Dylan Della Pasqua / Agência CMA