Déficit primário sobe 14 vezes em junho em base anual, a R$ 188,7 bi

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São Paulo – O setor público consolidado – que inclui governo central, administrações regionais e as estatais – registrou déficit primário de R$ 188,7 bilhões em junho, um aumento de 14 vezes em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados divulgados pelo Banco Central.

Levando em consideração apenas o governo central, o déficit primário atingiu R$ 195,2 bilhões, uma alta de 16 vezes em relação a junho de 2019. O resultado reflete déficit de R$ 140,1 bilhões no governo federal, ante superávit de R$ 2,9 bilhões um ano antes, e saldo positivo de R$ 61 milhões no Banco Central, comparado a déficit de R$ 78 milhões um ano antes. Também inclui um déficit de R$ 55,2 bilhões no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) – alta de 268% em base anual.

O resultado primário dos governos regionais foi um superávit de R$ 5,8 bilhões, composto por um saldo positivo de R$ 5,6 bilhões nas administrações estaduais e por um superávit de R$ 187 milhões nos governos municipais. Em relação a junho de 2019, houve reversão do déficit de R$ 55 milhões das administrações regionais, alta de 63 vezes no superávit dos governos estaduais e reversão do resultado negativo de R$ 143 milhões dos municípios.

No caso das empresas estatais, o superávit primário chegou a R$ 719 milhões, ante déficit de R$ 439 milhões em junho de 2019, refletindo superávit de R$ 107 milhões nas estatais federais – ante déficit de R$ 153 milhões um ano antes -, saldo positivo de R$ 619 milhões nas empresas estaduais – comparado a déficit de R$ 298 milhões um ano antes -, e déficit de R$ 8 milhões nas municipais – ante superávit de R$ 12 milhões um ano antes.

DÍVIDA

A dívida líquida do setor público alcançou R$ 4,176 trilhões em junho, ou 58,1% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC). Em maio, essa relação era de 55,1%.

O principal fator por trás do aumento no endividamento foi o crescimento do déficit primário, que agregou 2,6 pp à relação dívida/PIB, seguido pela contração da economia (+0,3 pp) e pelo aumento dos juros nominais apropriados (+0,3 pp). A desvalorização do câmbio, que faz o valor em reais das reservas internacionais aumentar, ajudou a reduzir a relação dívida/PIB em 0,2 pp.

A dívida bruta, que compreende o governo federal, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e os governos estaduais e municipais – alcançou R$ 6,153 trilhões em junho, ou 85,5% do PIB, crescimento de 3,6 pp em relação ao mês anterior.

A alta ocorreu em razão de emissões líquidas de dívida bruta (+2,7 pp), da contração do PIB (+0,5 pp) e da incorporação de juros nominais (+0,3 pp).

IMPACTOS

O BC estima que, para cada desvalorização de 1% na taxa de câmbio, a dívida líquida diminui em R$ 12,1 bilhões, ou 0,17 pp, considerado um período de 12 meses. A valorização do câmbio exerce efeito contrário da mesma magnitude.

Uma diminuição de 1 pp na Selic (taxa básica de juros) remove R$ 36,4 bilhões da dívida líquida, ou 0,51 pp, também considerado um período de 12 meses. A alta da Selic tem efeito contrário, mas da mesma magnitude.