Depoimento no caso Marielle cita Bolsonaro e caso pode ir ao STF, diz Globo

783

Por Gustavo Nicoletta

São Paulo – Um dos suspeitos de assassinar a vereadora Marielle Franco teria ido antes do crime ao condomínio onde morava Jair Bolsonaro e, para entrar, disse que iria à casa do presidente, segundo o depoimento do porteiro do condomínio, que foi colhido pela polícia e divulgado ontem à noite pelo Jornal Nacional, da rede Globo de televisão.

Segundo a reportagem, Élcio Queiroz teria chegado ao condomínio e dito que iria à casa 58 – imóvel que pertence a Bolsonaro. O porteiro disse à polícia que ligou para a casa 58 para confirmar se Queiroz tinha autorização para entrar e que a voz do outro lado seria do “seu Jair”.

Uma vez dentro do condomínio, Queiroz teria se dirigido não para a unidade 58, mas para a 66, onde vivia Ronnie Lessa, suspeito de ter sido o atirador que matou Marielle Franco.

O porteiro disse que percebeu a movimentação e ligou novamente para a unidade 58 para avisar da situação, mas a voz do outro lado, que ele novamente reconheceu como sendo do “seu Jair”, teria dito que sabia para onde Queiroz se dirigia.

A reportagem do Jornal Nacional aponta que, no dia em que ocorreram os fatos, Jair Bolsonaro estava em Brasília. Além do imóvel 58, Bolsonaro também é dono do imóvel de número 36 do mesmo condomínio, onde vive um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro, segundo a reportagem.

Como o presidente foi citado nas investigações, existe a possibilidade de o caso ser transferido para o Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente publicou um vídeo após a divulgação da reportagem ressaltando que não estava no Rio de Janeiro na época em que Marielle Franco foi assassinada, questionando o rigor das investigações e afirmando que a divulgação do depoimento de um caso que corre em sigilo tem como objetivo atacar sua família.

Em alguns momentos do vídeo Bolsonaro se exalta e ataca a rede Globo.

“Vocês, tevê Globo, o tempo todo infernizam a minha vida, porra. Onde vocês querem chegar eu sei. Vocês não têm vergonha na cara. Essa patifaria 24 horas contra a minha pessoa.”, diz ele num trecho da gravação. Em outro, insinua que não vai renovar a concessão da rede de televisão caso ela continue a criticar o governo e sua família.