Desemprego sobe a 12,2% no 1º tri, mas fica abaixo do previsto

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São Paulo – A taxa de desocupação da população brasileira foi estimada em 12,2% no primeiro trimestre do ano, ficando acima do trimestre anterior (11,0%), referente ao último trimestre de 2019, encerrado em dezembro, com alta de 1,3 ponto percentual (pp), informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o menor valor para o período desde 2016, quando a taxa ficou em 10,9% no trimestre encerrado em março daquele ano.

O resultado ficou abaixo das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA, de 12,4% (em dado arredondado de 12,35%). Na comparação com o mesmo período anterior, referente aos meses de janeiro a março de 2019, quando estava em 12,7%, houve queda de 0,5 pp, segundo o IBGE.

Ao fim de março, a população desocupada somava 12,9 milhões de pessoas, altas de 10,5% (ou 1,2 milhão pessoas a mais) em relação ao trimestre anterior – de outubro a dezembro de 2019 – porém, teve queda de 4,0% (537 mil pessoas a menos) no confronto com igual trimestre do ano anterior.

“Esse crescimento da taxa de desocupação já era esperado. O primeiro trimestre de um ano não costuma sustentar as contratações feitas no último trimestre do ano anterior. Essa alta na taxa, porém, não foi a das mais elevadas”, diz a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.

A população ocupada, por sua vez, somou 92,2 milhões, redução de 2,5% (ou 2,3 milhões pessoas a menos) em relação ao trimestre anterior, e estável frente a igual período do ano passado (mais 1,8 milhão de pessoas). “Esse foi o maior recuo de toda a série histórica e refletiu nos serviços domésticos que caíram 6,1%, também na maior queda da série. O recuo de 7% no emprego sem carteira assinada do setor privado também foi recorde”, acrescenta a analista.

Já a taxa de informalidade caiu ao alcançar 39,9% da população ocupada, ou seja, 36,8 milhões de trabalhadores informais. No último trimestre de 2019, esse número chegou a 41,0%.

Segundo o IBGE, a população fora da força de trabalho somou 67,3 milhões, maior nível da série histórica iniciada em 2012, com altas de 2,8% (mais 1,8 milhão de pessoas) frente ao período entre outubro e dezembro, e de 3,1% (mais 2,0 milhões de pessoas) na comparação com os meses de janeiro a março de 2019.

Já a taxa de subutilização da força de trabalho ficou em 24,4% no trimestre, alta de 1,4 pp frente ao trimestre encerrado em dezembro, porém, caiu 0,6 pp ante o mesmo período encerrado em 2019. De acordo com o Instituto, a população subutilizada somou 27,6 milhões, aumento de 5,6% (mais 1,5 milhão de pessoas) em relação ao período imediatamente anterior, e recuo de 2,5% (menos 704 mil pessoas) na comparação com o primeiro trimestre do ano passado.

O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado (exceto trabalhadores domésticos) foi de 33,1 milhões de pessoas, queda de 1,7% (menos 572 mil pessoas) ante o trimestre anterior, e estável em relação ao mesmo período encerrado em março de 2019.

Já o número de trabalhadores sem carteira assinada ficou em 11,0 milhões de pessoas, retração de 7,0% (menos 832 mil pessoas) frente ao quarto trimestre do ano passado, enquanto ficou estável ante o mesmo trimestre de 2019. O total de trabalhadores por conta própria chegou a 24,2 milhões, com recuo de 1,6% (ou menos 398 mil pessoas) frente ao período anterior, mas subiu 1,7% (mais 409 mil pessoas) em relação aos meses de janeiro a março do ano passado.

A analista da pesquisa não garante que as medidas de isolamento social, provocadas pela pandemia da covid-19, doença causa pelo novo coronavírus, refletiram na taxa de desemprego do primeiro trimestre. “Grande parte do trimestre ainda está fora desse cenário. Não posso ponderar se o impacto da pandemia foi grande ou pequeno, até porque falamos de um trimestre com movimentos sazonais, mas de fato para algumas atividades ele foi mais intenso”, avalia.

Em relação à renda, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores foi estimado em R$ 2.398 nos três primeiros meses de 2020, estável nas duas bases de comparação. Já a massa de rendimento médio real habitual dos ocupados foi estimada em R$ 216,3 bilhões, queda de 1,3% (ou menos R$ 2,9 bilhões) na comparação com o trimestre anterior, e estável em comparação com os três primeiros meses de 2019.

O IBGE ressalta que está coletando os dados do indicador somente por telefone durante o período de isolamento social, seguindo as orientações do Ministério da Saúde relacionadas ao quadro de emergência de saúde pública causado pelo novo coronavírus.