Em uma entrevista conduzida por Martin Wolf ao jornal Financial Times, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), discutiu sua trajetória profissional e os desafios econômicos atuais da Europa. Lagarde refletiu sobre a recente turbulência econômica, mencionando inflação elevada, a guerra na Ucrânia e a crise energética, mas observou melhorias significativas desde 2022. Ela enfatizou a necessidade de cautela ao declarar vitória sobre a inflação, devido a riscos persistentes.
“Estamos chegando muito perto daquele estágio em que podemos declarar que trouxemos a inflação de forma sustentável para nossos 2% de médio prazo”, afirmou. Ao falar sobre o período de alta inflação, Lagarde acredita que grande parte disso é atribuível à sucessão de choques e aos efeitos compostos desses choques. “Agora, obviamente, os choques afetam uma região econômica específica onde nem todas as escolhas certas foram feitas”.
Sobre a dependência da Europa da energia da Rússia, a presidente do BCE disse que “a falta de diversificação foi uma leitura estrutural ou política equivocada que nos afetou como resultado, muito mais do que outros países no mundo. Do ponto de vista fiscal, acho que há muito a ser dito sobre qual forma de apoio fiscal à economia foi tomada durante a crise da Covid e pós-Covid, porque acho que teve um impacto em como a Europa saiu desses choques compostos em comparação com os EUA, por exemplo”.
Discutindo os desafios estruturais da Europa, Lagarde ressaltou a importância de uma união dos mercados de capitais, retenção de talentos e incentivo à inovação. Ela destacou que, embora as universidades europeias formem um número significativo de graduados em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, da sigla em inglês), é crucial evitar a fuga de cérebros e assegurar que os investimentos sejam direcionados para setores que gerem valor, como inteligência artificial e computação quântica.
Ao abordar os riscos climáticos, Lagarde afirmou que o foco do BCE permanece na estabilidade de preços, integrando considerações climáticas em suas políticas. Ela mencionou a necessidade de remover barreiras que dificultam a eficiência dos mercados de capitais na Europa, comparando-as a tarifas elevadas que impedem o crescimento econômico.
Concluindo, Lagarde discutiu as respostas estratégicas que a Europa deve adotar frente às novas dinâmicas econômicas globais e mudanças geopolíticas, especialmente com a nova administração dos EUA. Ela enfatizou a importância de fortalecer a competitividade europeia, promovendo a inovação e assegurando que políticas econômicas sejam adaptadas aos desafios contemporâneos.