A reunião dos membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) volta a acontecer depois de quase cinco anos, e a diretora-geral, Ngozi Okonjo-Iweala, discursou na cerimônia de abertura do evento. O desafio da OMC é saber como o multilateralismo poderá agir diante de um mundo com incertezas sobre a guerra na Ucrânia e o pós-Covid.
Os acordos assinados em Genebra “aumentarão a capacidade de todos os membros de responder às aspirações das pessoas por comida, saúde, segurança, melhores empregos, padrões de vida mais elevados e um ambiente sustentável em terra, nos oceanos e em nossa atmosfera”, disse Okonjo-Iweala.
Ela citou, no entanto, que o sistema multilateral é frágil e que é importante fortalecê-lo para a OMC possa ser parte das soluções. “Esta é a hora de investir nisso, não de recuar; este é o momento de convocar a tão necessária vontade política para mostrar que a OMC pode ser parte da solução para as múltiplas crises dos bens comuns globais que enfrentamos. Agora, mais do que nunca, o mundo precisa que os membros da OMC se unam e entreguem”, acrescentou.
Okonjo-Iweala lembrou que a estimativa de crescimento do PIB global ficará em 5% caso os países se organizam em blocos independentes, e o quanto isso poderá impactar na solução dos problemas mundiais e os custos dessa fragmentação econômica.
“Para colocar isso em perspectiva, estima-se que a crise financeira de 2008-09 tenha reduzido o PIB potencial de países ricos em 3,5%. E a estimativa de 5% representa apenas o início do dano econômico. Perdas adicionais viriam de economias de escala reduzidas, custos de transição para empresas e trabalhadores, alocação desordenada de recursos e dificuldades financeiras”, disse ela.
Essa separação dos países afeta também os danos causados pela pandemia da Covid-19, o que impede ainda mais os países mais pobres de alcançarem os mais ricos. “Este seria um mundo de oportunidades reduzidas, raiva política e agitação social ainda maiores e intensas pressões migratórias à medida que as pessoas saem em busca de uma vida melhor em outros lugares”, acrescentou.
Por isso, Okonjo-Iweala pediu aos membros para que evitem que as tensões geopolíticas se espalhem no trabalho na OMC, pois as consequências para o sistema multilateral de comércio seriam graves. “Com a vontade política necessária, podemos enfrentar as negociações à nossa frente, endossar as declarações e tomar as decisões que mostrarão ao mundo que a OMC é parte da solução para os problemas prementes do mundo”.
Várias sessões temáticas ocorrerão durante a Conferência Ministerial para responder às emergências em andamento, particularmente a pandemia de COVID-19 e a crise alimentar, disse ela. Os ministros também terão a oportunidade de participar de outras sessões temáticas sobre pescas, agricultura, reforma da OMC e programa de trabalho e moratória de comércio eletrônico. O evento vai até 15 de junho.