Disrupções devem continuar e só melhorar entre 2T22 e 3T22, diz Powell

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São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que a aceleração inflacionária vista recentemente tem raiz nas disrupções das cadeias de suprimentos vistas recentemente e que isso deve ser resolvido apenas entre o segundo e terceiro trimestre do ano que vem.

“A inflação atual está sendo causada devido à forte demanda que é superior ao que os portos de entrega de suprimentos conseguem aguentar. Com isso, os preços aumentam. Essa é uma situação imprevisível”, afirmou Powell durante coletiva de imprensa após a decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

De acordo com ele, as ferramentas disponíveis ao Fed não servem para combater esse tipo de situação. “Isso depende da recuperação das cadeias e da passagem completa da pandemia”, afirmou Powell.

O presidente do Fed, no entanto, afirmou que a maioria do comitê acredita que isso deve ser melhorado por volta do segundo e terceiro trimestre. “Se as vacinações ao redor do mundo continuarem e novos picos não retornarem, é provável que isso se resolva ou tenha sido pelo menos controlado por volta desse período”, afirmou ele.

Ele explicou que a alta inflacionária não era algo previsto, principalmente sua duração. “Nem nós nem diversos analistas previram que isso ocorreria. O que podemos fazer agora é oferecer o suporte monetário que estamos oferecendo”, disse ele.

EMPREGO

Powell também afirmou que o mercado de trabalho enfrenta restrições e que só será possível analisá-lo direito depois que as ondas de covid-19 passarem. Ele, no entanto, disse que acredita que a meta de mercado de trabalho do banco pode ser alcançada na segunda metade do ano que vem.

“O mercado de trabalho vem abrindo vagas mas ainda enfrenta poucas candidatura. Isso é causado em parte porque houve muitas aposentadorias e porque as pessoas ainda são limitadas pelas ondas de covid-19”, afirmou ele.

Powell explicou que ainda há relutância para trabalhar fora de casa seja por medo de infecções seja por necessidade de cuidar dos filhos. “Isso deve passar com a contínua vacinação e a diminuição de ondas fortes de covid-19”, explicou ele.

Para ele, a variante Delta do novo coronavírus causou uma alta forte de casos, o que desacelerou o retorno ao trabalho de várias pessoas. “Analisar o pleno emprego é diferente para cada momento e atualmente precisamos que os riscos do coronavírus se amenizem para vermos essa situação com clareza. Até lá, não poderemos definir direito se o que acontece é resultado de questões econômicas ou do vírus”, disse ele.

O presidente do Fed, no entanto, disse que caso não surjam novas grandes ondas, o pleno emprego pode ser alcançado na segunda metade de 2022. Para ele, só quando o mandato de trabalho for alcançado que será possível pensar em aumento de taxa de juros.

“Não pensamos nem no que é necessário para aumentarmos as taxas básicas porque estamos longe demais desses requisitos”, disse ele. “E acredito que quando alcançarmos o necessário em emprego, já teremos alcançado o que for preciso em questão de inflação”, concluiu.