São Paulo – O controle das expectativas de inflação durante o momento atual, em que as previsões do mercado estão sendo abaladas por sucessivos choques de preços, é fundamental e o Banco Central (BC) “fará o que for preciso” para garantir que elas fiquem ancoradas, disse o presidente da instituição, Roberto Campos Neto.
“Realmente [o Brasil] teve algumas surpresas negativas na inflação recentemente”, disse ele durante um evento promovido pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), atribuindo estes movimentos inesperados de aceleração na alta dos preços à crise hídrica e seus efeitos no aumento dos preços da eletricidade e a geadas, que afetaram a produção de alguns produtos agrícolas.
“A parte da crise hídrica gerou reprecificação da inflação de curto prazo, com a mudança das bandeiras. Ainda é esperado mais um aumento no preço da bandeira, e existe cuidado do governo entendendo que é melhor ter preço mais caro do que ter possibilidade de enfrentar racionamento [de eletricidade], mas isso tem algumas implicações”, disse ele.
“Tem alguns outros movimentos. A geada recente, com algumas quebras de safra – a gente vê no preço do milho, a quebra no café. Mas o BC tem reconhecido esse aumento da inflação, tem reconhecido aumento da inflação na parte de serviços. Mencionamos isso antes de o número sair, que era uma preocupação. Temos acompanhado”, acrescentou.
Ele afirmou que é “fundamental manter a inflação ancorada neste momento de choques sucessivos” nos preços, visto que estes choques afetaram as expectativas para o comportamento da inflação. “A gente vê que existe revisão de expectativas de inflação de curto prazo, começou a contaminar contaminar a inflação mais longa. A gente tem passado mensagem que BC vai fazer o que for preciso para ancorar expectativas. Não existe dúvida em relação a isso”.
Campos Neto também disse que a instituição usará todos os instrumentos que tiver à disposição para promover esta ancoragem.