É impossível governo ter investigado denúncia da Covaxin, diz Aziz

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São Paulo – A versão do governo, de que o presidente Jair Bolsonaro repassou denúncia de irregularidades na compra da Covaxin ao Ministério da Saúde para investigação, sugere ser impossível ter ocorrido alguma investigação sobre o assunto, disse o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga erros e omissões no combate à pandemia da covid-19, Omar Aziz (PSD-AM).

“O fato concreto é que o deputado Luis Miranda e seu irmão levaram a denúncia ao presidente [Jair Bolsonaro]. A versão do governo [apresentada pelo senador Fernando Bezerra Coelho] é de que no dia 22 [de março, um domingo,] foi avisado ao [então ministro da Saúde Eduardo] Pazuello. O próprio Luis Miranda disse que no domingo esteve com ele, que já sabia no dia 22 que seria exonerado”, disse Aziz.

“No dia 26 quem sai do cargo é o coronel Elcio [Franco, à época secretário-executivo do Ministério da Saúde]. É impossível terem investigado alguma coisa”, disse Aziz.

Os comentários de Aziz fazem referência a denúncias de que havia irregularidades na compra da Covaxin feitas pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde. Eles disseram ter falado com Bolsonaro em 20 de março sobre o assunto, mas que aparentemente o presidente não agiu para impedir a continuidade das irregularidades.

Em entrevista recente ao jornal Folha de São Paulo, o deputado Luis Miranda foi mais além, e disse que Bolsonaro sabia de irregularidades anteriores no Ministério da Saúde, supostamente orquestradas pelo líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). O deputado nega envolvimento nas negociações de compra da Covaxin.

Ontem, o Ministério da Saúde suspendeu, por recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU), o contrato de compra da Covaxin, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. A decisão não afeta o calendário de vacinação contra a doença porque a Covaxin ainda não estava sendo usada pelo Brasil na campanha de imunização.

O ministério citou como motivos para a suspensão o fato de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não autorizou o uso emergencial ou definitivo da vacina Covaxin. A agência aprovou, com restrições, apenas o pedido de importação excepcional das vacinas. Com isso, as vacinas chegariam a 1% da população.