Vice do Fed alerta que economia dos EUA ainda precisa de apoio

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São Paulo – A recuperação da economia dos Estados Unidos tem sido forte, mas ainda é necessário apoio monetário e fiscal, e pode levar mais um ano para o crescimento retornar aos níveis pré-pandemia, disse o vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Richard Clarida.

“A recessão da covid-19 jogou a economia em um buraco muito profundo e levará algum tempo, talvez outro ano, para que o nível do Produto Interno Bruto (PIB) se recupere  totalmente para o pico anterior de 2019”, disse ele, em texto preparado para discurso.

“Provavelmente levará ainda mais tempo para que a taxa de desemprego volte a um nível consistente com nosso mandato de pleno emprego”, acrescentou. Neste contexto, “será necessário apoio adicional da política monetária – e provavelmente fiscal”, disse.

“Falando em nome do Fed, posso garantir que estamos comprometidos em usar toda a nossa gama de ferramentas para apoiar a economia e ajudar a garantir que a recuperação deste período difícil seja a mais robusta e rápida possível”.

Clarida ressaltou que “o fluxo de macrodados recebidos desde maio tem sido surpreendentemente forte”, com recuperação nos dados do PIB com base nos indicadores de consumo de bens, habitação e investimentos, apesar de gastos com serviços continuarem fracos.

Segundo ele, muitos questionaram se as medidas do Fed teriam eficácia, já que as pessoas não estavam saindo para comprar carros ou construir casas. “Os dados nos mostram que, com taxas baixas, crédito disponível e rendas sustentadas por transferências fiscais, a resposta é – pelo menos até agora – que eles constroem casas, compram carros e fazem pedidos de equipamentos e software”.

O vice-presidente do Fed reconheceu que panorama econômico “é incomumente incerto”, e que o curso da economia dependerá do vírus, de normas de distanciamento social e dos esforços de mitigação implementados para contê-lo.

Por fim, Clarida citou a nova estrutura de política monetária adotada em agosto. “No futuro, uma baixa taxa de desemprego, por si só, não será suficiente para desencadear um aperto da política monetária na ausência de qualquer evidência de outros indicadores de que a inflação corre o risco de ficar acima dos níveis consistentes do mandato”.