Ecorodovias leva concessão de rodovias do Noroeste Paulista, por R$ 1,2 bi, ágio de 16.151,20%

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São Paulo – A Ecorodovias venceu a disputa pela concessão do sistema rodoviário Lote Noroeste, promovido pelo governo de São Paulo, por intermédio da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), realizado a pouco na sede da B3, em São Paulo (SP). O novo contrato prevê R$ 10,4 bilhões de investimentos em obras, além de R$ 4 bilhões em custos operacionais por 30 anos.

“Estudamos bastante o projeto e a complexidade do contrato e espera que a concessão gere muito valor para a companhia e seus acionistas. Nossos acionistas na Itália estão muito contentes e ficamos felizes em colaborar com o Estado de São Paulo”, disse Marcelo Guidoti, CEO da Ecorodovias, ao bater o martelo em cerimônia na B3.

Foi escolhida a empresa que ofereceu o maior valor de outorga fixa, que tinha o valor mínimo de R$ 7,609 milhões, segundo o edital. Entre as credenciadas a participar do leilão, Ecorodovias, Infraestrutura Brasil Holding e CCR apresentaram propostas de R$ 1,236 bilhão (ágio de 16.151,20%), R$ 321,331 milhões (ágio de 4.122,89%) e R$ 753,848 milhões (9.806,95%), respectivamente.

A concorrência é uma relicitação de duas concessões que chegam ao fim: a Tebe (controlada por empresas de engenharia) e a Triângulo do Sol (do grupo italiano Atlantia e do Bertin). A concessionária será responsável pela ampliação, operação, conservação, manutenção e realização dos investimentos necessários pelo prazo de 30 anos. O projeto prevê investimentos de R$10 bilhões em obras e R$ 3,9 bilhões em operação em 600 quilômetros de estradas que atravessam municípios das regiões de São José do Rio Preto, Araraquara, São Carlos e Barretos.

ANÁLISES

Antes do leilão, analistas apontavam a CCR e a Ecorodovias como as potenciais interessadas na concessão.

A XP Investimentos apontou a CCR e a Ecorodovias como potenciais interessadas na concessão e destacou que os principais marcos do plano de investimentos incluem a construção de segundas e terceiras pistas ao longo de 222 km, e 45 passarelas de pedestres.

“Esperamos aumento da concorrência em relação às rodadas anteriores devido ao perfil de baixo risco do ativo (demanda de tráfego já conhecida e projeções de capex feita com preços de insumos atualizados), com até quatro potenciais participantes de acordo com notícias na mídia, incluindo CCR e Ecorodovias. Apesar da concorrência esperada, vemos espaço para retornos que pode gerar valor”, escreveram os analistas Pedro Bruno e Lucas Laghi, em análise sobre o certame.

O relatório explicou que a disputa de hoje incluiu cinco rodovias (SP-310, SP-323, SP-326, SP-333 e SP-351) e é uma relicitação de duas concessões vencidas [a Tebe e a Triângulo do Sol], composto por R$ 10 bilhões de capex e 600km de extensão, sendo que 50% do aporte deve ser implantado nos primeiros sete anos. “Após esse período, os investimentos desaceleram e permitem maior geração de caixa. Vemos o risco de tráfego como reduzido, pois o projeto consiste em uma re-licitação, e as concessões vencidas já tinham experiência madura de tráfego pedagiado. Observamos que, dadas as diferentes datas iniciais de cobrança de pedágio para Triângulo do Sol (2023) e Tebe (2025), a receita apresenta um crescimento mais acentuado nos anos de 2025 e 2026”, avalia a XP.

Os analistas apontavam que as estimativas do governo para receitas implicam um crescimento médio de 2,5% ao ano de 2027 até o final da concessão (1,5 vez a estimativa de PIB de longo prazo da equipe macro da XP). Em termos de ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização): os números do governo assumem uma margem ebitda de 66% nas fases iniciais da concessão, chegando a 77% no 30º ano.

Os principais custos relacionados ao projeto são: outorga variável (8,5% da receita bruta); e custos operacionais (R$ 4 bilhões em termos reais no total considerando as estimativas do governo).

O BTG Pactual também via a CCR e a Ecorodovias como prováveis proponentes, além de considerar que a existência de dados históricos de tráfego e a cobrança de pedágios nas rodovias desta concessão reduzem o risco da demanda e garantem a geração de receita desde o primeiro dia da concessão.

“Outro provável licitante é o Patria Investimentos, participante comum em leilões de rodovias no estado de SP. Esperamos que o mercado monitore a forte pipeline de ativos a serem leiloados no curto prazo e reiteramos nossa recomendação de compra para CCR e Ecorodovias”, comentou o BTG.