Eletrobras reverte prejuízo e lucra R$ 893 milhões no quarto trimestre de 2023

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São Paulo, SP – A Eletrobras divulgou hoje o balanço do quarto trimestre de 2023 (4T23), com lucro líquido de R$ 893 milhões, revertendo o prejuízo líquido de R$ 479 milhões registrado no quarto trimestre de 2022. Em 2023, o lucro líquido foi de R$ 4,395 bilhões,
crescimento de 21% em comparação a 2022.

O Ebitda ajustado foi de R$ 3,840 bilhões, queda de 16% em comparação ao mesmo período de 2022. Em 2023, o Ebitda ajustado foi de R$ 19,274 bilhões, alta de 8% em relação a 2022. O EBITDA regulatório ajustado, que reflete o desempenho antes do pagamento de impostos, juros, depreciações e amortizações, teve alta de 19%, totalizando R$ 21,6 bilhões.

A margem Ebitda ajustada recuou 11.9 pontos percentuais, chegando a 39%, na comparação com o 4T22. Em 2023, margem Ebitda ajustada foi de 52%, queda de 0,4 ponto percentual. Já o Retorno Sobre o Patrimônio Financeiro (ROE), cresceu 0,6 ponto percentual, chegando a 3,9%. Em 2023, o ROE cresceu 0,60 ponto percentual em comparação a 2022, registrando 3,9%.

Segundo a companhia, o resultado foi impulsionado pelos avanços na adequação de custos e despesas, simplificação da estrutura administrativa e aumento das receitas de transmissão.

O resultado financeiro ajustado apresentou despesa líquida de R$ 2,269 bilhões, principalmente pelos maiores encargos de dívidas, pelos encargos e atualização monetária
das obrigações com a CDE e com a revitalização de bacias hidrográficas

Com a ampliação da capacidade de investimento da companhia, o CAPEX atingiu R$ 9 bilhões em 2023, com crescimento superior a 60% ante o ano anterior e quase o dobro do registrado em 2021. Como destaques, estão a expansão das obras da linha de transmissão Manaus-Boa Vista (R$ 3,3 bilhões), o parque eólico de Coxilha Negra (R$ 2,1 bilhões), além de empreendimentos de transmissão de grande porte em implantação e que vão somar R$ 7 bilhões de 2024-2027.

“O novo modelo de negócios e governança da Eletrobras tem gerado resultados consistentes, pautados na disciplina de capital, eficiência operacional, foco no cliente e um aumento importante na capacidade de investimentos. Avançamos muito e vamos seguir na trilha do crescimento, nos pautando sempre pela segurança das pessoas, dos ativos e na geração de energia limpa que contribua para a transição energética que precisamos acelerar”, comentou o presidente da Eletrobras, Ivan Monteiro.

A estruturação da área de comercialização, impulsionada pela recente atuação no mercado livre, é outra mudança que contribuirá para futuros resultados. A base de clientes nesse mercado chegou a 400 em 2023 sendo que, desse total, 270 representam consumidores finais, com avanço de 484% em relação aos 46 consumidores finais de 2022.

A companhia registrou avanço significativo na descarbonização do parque gerador com a venda, em janeiro, da UTE Candiota, a única usina de carvão, que era responsável por cerca de um terço das emissões da empresa. Junto com o processo já iniciado da venda de térmicas a gás, a Eletrobras prossegue em direção à meta net zero em 2030.

A companhia terminou o quarto trimestre de 2023 com 100 usinas, sendo 47 hidrelétricas, 43 eólicas 9 térmicas e 1 solar, considerando os empreendimentos Corporativos, Propriedade compartilhada e participações via SPEs.

A capacidade instalada total atingiu 44.654 MW no 4T23, o que representa 22% do total instalado no Brasil. Do total da nossa capacidade instalada, cerca de 96% vêm de fontes limpas, com baixa emissão de gases de efeito estufa.

No 4T23, a Capacidade Instalada Brasil foi de 199.324,57 MW, sendo 55% proveniente de fonte hidráulica, 24% de fonte térmica, 14% de fonte eólica, 6% de fonte solar e 1% de fonte nuclear. A Eletrobras é responsável por 22% do total da capacidade instalada do Brasil.

Em termos de evolução do mercado de energia, as empresas Eletrobras venderam 36,6 TWh de energia no 4T23, redução de 5% em comparação a 38,6 TWh negociados no 4T22, em especial no regime de Operação e Manutenção – O&M, em função do processo de descotização que ocorre de forma gradual em um período de 5 anos a partir de 2023, além de descontratações.

No 4T23, a receita de geração foi de R$ 7,221 bilhões, aumento de R$ 416 milhões em relação ao 4T22, refletindo principalmente maiores receitas relativas: (a) ao suprimento de R$ 690 milhões e (b) ao mercado de curto prazo (CCEE) de R$ 246 milhões, sendo parcialmente compensadas por menores receitas com operação e manutenção de R$ 202 milhões e fornecimento de R$ 43 milhões.

Diferente de suprimento, a receita de fornecimento é obtida diretamente do consumidor final, por exemplo industriais e comércio. No 4T23, a receita com fornecimento foi de R$ 934 milhões, apresentando uma redução de R$ 43 milhões em relação ao 4T22

A receita de CCEE (mercado de curto prazo) foi de R$ 387 milhões, representando aumento de R$ 246 milhões em relação ao 4T22, em função do aumento da energia liquidada (maior GSF %) e do PLD no 4T23 frente ao mesmo período de 2022. Destaque para Eletronorte com acréscimos de R$ 103 milhões, Chesf de R$ 69 milhões e Furnas de R$ 65 milhões.

As receitas de operação e manutenção foram de R$ 1,040 bilhão, queda de R$ 202 milhões em relação ao 4T22, refletindo principalmente o início do processo de descotização gradual das usinas cotistas (20% em cada ano), atenuado pelos efeitos do reajuste anual da Receita Anual de Geração – RAG, conforme a Resolução Homologatória 3.068/2022 (ciclo 2022-2023) e a Resolução Homologatória 3.225/2023 (ciclo 2023-2024), impactando Eletronorte, Chesf e Furnas.

A receita de transmissão foi de R$ 4,558 bilhões no 4T23, aumento de 26% em relação ao 4T22, com destaque para incremento de R$ 813 milhões em receita de construção, de R$ 109 milhões em O&M e de R$ 4 milhões da receita contratual de transmissão.

A receita de O&M aumentou em R$ 109 milhões, principalmente em função da publicação da Resolução Homologatória Aneel 3.216/2023, com vigência a partir de julho/2023, que contempla principalmente o reajuste tarifário do ciclo 23/24, bem como o reconhecimento parcial da Revisão Tarifária Periódica RTP de alguns contratos licitados.

Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa (PCLD) consumidores e revendedores: constituição de provisão de recebíveis da Amazonas Energia em 2022, que naquele período visava refletir o risco observado em função da manutenção da inadimplência dos instrumentos de confissão de dívidas (ICD). Destaca-se que no 4T23 houve provisão de R$ 328,7 milhões referente à inadimplência da Amazonas Energia.

A dívida bruta alcançou R$ 60,8 bilhões no 4T23, redução de R$ 9,7 bilhões em relação ao 3T23 e aumento de R$ 1,7 bilhão em comparação ao 4T22. O crescimento da dívida bruta em relação ao mesmo período do ano passado ocorreu devido a conclusão do processo de consolidação da SPE Teles Pires, que agregou R$ 2,7 bilhões ao endividamento, além de emissões relevantes de instrumentos de mercado de capitais, nos meses de agosto e setembro, por meio de Furnas, CGT Eletrosul e Eletrobras holding, no montante total de R$ 10,7 bilhões. A relação dívida liquida/EBITDA ajustado alcançou 2,2x no 4T23.

No 4T23, os investimentos totalizaram R$ 4,632 bilhões, 148% superior ao 3T23. No ano, os investimentos totalizaram R$ 9,018 bilhões, um crescimento de 60% em relação a 2022.