Elevação de estimativas da Vale para metais básicos é positiva, mas mercado aguarda spin-off

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São Paulo – Os analistas avaliaram positivamente a elevação das estimativas anunciadas pela Vale nesta quinta-feira para a sua unidade de metais básicos, mas avaliam que a separação (spin-off) da unidade pode gerar mais valor para a companhia.

O BTG Pactual disse que a diretoria executiva da Vale informou, em evento para investidores no Canadá, que está estudando possibilidades de destravar valor de sua unidade de metais básicos, pois considera que está muito desvalorizada pelo mercado, mas disse que ainda não decidiu sobre qual modelo adotar.

A apresentação teve foco no potencial de longo prazo dos mercados de níquel e cobre; na base de ativos bem posicionada da companhia que aproveitará as novas tendências estruturais; o necessário processo de reestruturação em andamento na unidade; e o potencial de crescimento, com um robusto pipeline do projeto.

“Em nossa opinião, considerando o lucro operacional (ebitda) de US$ 4,5 bilhões e um múltiplo de valor de mercado sobre o ebitda de (EV/Ebitda) de 7 vezes (hipotético), o negócio de Metais Básicos seria avaliado em US$ 31,5 bilhões, com potencial para desbloquear US$ 15 bilhões em valor (25% do valor de mercado atual da Vale), dado o múltiplo implícito de 3,5 vezes nas ações da Vale. Nós vemos Divisão de Metais Básicos da Vale como um ativo único no mundo, ajustado para impulsionar em tendências de transição energética e amplamente subvalorizado pelo mercado neste momento”, escreveram os analistas do BTG, que reiteraram a recomendação de compra dos papéis da companhia, com preço-alvo de US$ 25,00 nas ADRs considerando as ações negociadas em 3,5 vezes EV/EBITDA para 2023.

A Genial Investimentos comenta que a elevação de estimativas de produção de níquel e cobre anunciada pela companhia hoje foi motivada pelas entradas de projetos aliados a um pipeline robusto de investimentos, melhoramentos tecnológicos, bem como melhores condições minerárias nas regiões de atuação. Também colaborou o contexto de preços mais elevados, permitindo maiores rentabilidades dentro do mix de produtos da Vale.

“Os metais básicos (como níquel e cobre) representaram cerca de 17% da receita total da companhia e 11% do EBITDA no 2T22. A expectativa é que esses números sejam cada vez mais relevantes para a companhia, que vem dando atenção especial a esses materiais”, escreveu a Genial, que tem recomendação de compra para VALE3, com preço-alvo R$ 90,00, uma valorização ante a última cotação de R$ 63,67.

Em níquel, a Vale previa uma produção entre 175 mil toneladas (t) e 190 mil t entre 2022 e 2023 e mais de 200 mil t após 2024, e agora, estima uma produção de 230 mil t a 245 mil t no médio prazo e mais de 300 mil t no longo prazo.

Em cobre, a previsão anterior era de uma produção entre 270 mil t e 285 mil t em 2022, entre 390 mil t e 420 mil t entre 2023 e 2026 e mais de 450 mil t após 2027. Agora, a estimativa passa a ser 390 mil t a 420 mil t no médio prazo e aproximadamente 900 mil t no longo prazo.

Para a Ativa Investimentos, o aumento de capacidade no médio e longo prazo para os principais insumos da divisão de metais básicos é uma notícia positiva pra companhia e realça a relevância que o segmento terá para a companhia no futuro.

No entanto, a corretora avalia que os efeitos pra as ações serão moderados, uma vez que havia expectativa sobre uma possível ação mais efetiva para criação de valor, como a realização de um spin-off ou ainda o anúncio de parceria com algum outro player forte do setor.

“Acrescentamos ainda que estimativas apontam para um alto custo por produção nos próximos meses, o que também deve contribuir para a maior moderação na recepção da informação”, comentou a Ativa em relação à elevação das projeções anunciada hoje pela Vale.

Às 13h53 (horário de Brasília) o papel VALE3 tinha alta de 0,72%, a R$ 64,13. O papel tem peso de quase 14% do Ibovespa, o principal índice da B3, que caía 0,32%, aos 109.405 pontos.