São Paulo – A inflação no Brasil ficaria “consideravelmente” abaixo da meta se a taxa básica de juros (Selic) subisse de forma ininterrupta até atingir o chamado nível neutro – em que ela não estimularia nem restringiria a atividade econômica -, afirmou o Comitê de Política Monetária (Copom) na ata da reunião ocorrida na semana passada.
“Elevações de juros subsequentes, sem interrupção, até o patamar considerado neutro implicam projeções consideravelmente abaixo da meta de inflação no horizonte relevante”, disse o grupo no documento.
“Essa visão para as próximas reuniões pode ser alterada caso haja mudança nas projeções de inflação ou no balanço de riscos, uma vez que a decisão continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, e das projeções e expectativas de inflação”, acrescentou.
Na semana passada, o Copom elevou a Selic em 0,75 ponto porcentual (pp), para 3,50% ao ano, e indicou que em junho deve elevar a taxa de novo e na mesma magnitude, para 4,25%.
O Copom também debateu na semana passada se deveria manter o termo “normalização parcial” no comunicado para se referir ao nível futuro da Selic, e determinou que o termo “reflete suas opiniões sobre a política monetária adequada para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante”.
“O Copom entende que a menção à ‘normalização parcial’, assim como a divulgação do juro neutro e do hiato do produto implícitos nos modelos utilizados pelo Comitê, amplia a transparência sobre a função de reação do Banco Central e, consequentemente, aumenta a eficiência da política monetária”, disse o grupo na ata.
RECUPERAÇÃO ROBUSTA
Os indicadores sobre a economia do Brasil surpreenderam positivamente o Copom, que espera uma recuperação “robusta” no segundo semestre conforme a vacinação diminuir o grau de interferência da pandemia na atividade.
“A despeito da intensidade da segunda onda da pandemia ter sido maior que a esperada, os últimos dados disponíveis de atividade têm surpreendido positivamente”, disse o Copom na ata. “Para o Comitê, o segundo semestre do ano deve mostrar uma retomada robusta da atividade, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente.”
O grupo apontou que nos próximos trimestres a ociosidade da economia deve voltar aos níveis observados no final de 2019 – período que antecedeu a pandemia de covid-19 -, mas que este processo acontecerá em velocidades diferentes para cada setor.
“A pandemia produziu efeitos heterogêneos sobre os setores econômicos. Enquanto o setor de bens opera com baixa ociosidade, o setor de serviços mostra dificuldades para se recuperar. O Copom avalia que os dados de atividade e do mercado de trabalho formal sugerem que a ociosidade da economia como um todo se reduziu mais rapidamente que o previsto, apesar do aumento da taxa do desemprego”, disse o grupo.