São Paulo – O vice-presidente e ministro da Indústria e do Comércio, Geraldo Alckmin, disse nesta sexta-feira, durante visita à unidade da montadora Scania, em São Bernardo do Campo (SP), que a lei que estabelece o programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) vai ser promulgada no dia 2 de julho pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A montadora de veículos pesados também anunciou novo ciclo de investimentos no Brasil de R$ 2 bilhões.
“O Mover trás R$ 19,5 bilhões de incentivos em créditos tributários, em 5 anos, para inovação e descarbonização”, comentou Alckmin. “Isso estimulou R$ 130 bilhões de investimentos na indústria automotiva no Brasil e mais 6% na indústria de autopeças, essa é uma cadeia longa”, acrescentou.
Alckmin também mencionou o lançamento do marco de garantias. “Isso torna o crédito mais barato, reduz o spread para compra de veículos. Enfim, um conjunto de medidas importantes para fortalecer a indústria.”
O vice-presidente disse que, nos primeiros 16 meses do atual governo, a indústria de manufatura cresceu 3% no Brasil, após um período de desindustrialização
Para Christopher Podgorski, CEO e presidente da Scania para América Latina a visita do vice-presidente “tem enorme importância, porque juntos estamos construindo um futuro descarbonizado. E a orientação e as políticas públicas têm um papel fundamental nisso para que a gente deixe um futuro melhor para as próximas gerações.”
O ministro disse que o objetivo da visita à fábrica da Scania hoje foi conhecer melhor a unidade. “Nós vimos aqui, desde o início dos projetos, toda a pesquisa e desenvolvimento em engenharia não só para o Brasil, mas para o mundo. É toda a parte de produção, até a saída dos caminhões pesados, que transportam o desenvolvimento do Brasil.”
Para Alckmin, a unidade da Scania em São Bernardo do Campo é um “exemplo da nova indústria Brasil da Nova Indústria Brasil, que é a inovação”. Nós estamos aqui na ponta, na vanguarda da inovação, da tecnologia, uma indústria sustentável, verde. Estamos aqui na ponta da descarbonização com os veículos elétricos, os veículos a gás, os veículos a biodiesel. Uma indústria competitiva, que faz 115 caminhões pesados e ônibus por dia. E uma indústria exportadora, que exporta para América Latina e até para outros continentes e a gente fica feliz de ver a Scania.”
Ao ser questionado sobre em que medida a taxa de juros compromete o desenvolvimento do país, Alckmin disse: “Nós temos três fatores importantes na economia: juros, imposto e câmbio. O câmbio deve ser flutuante e eu diria que ele vai voltar, está um pouco impactado por questões momentâneas, mas acho que ele reduz um pouco. E é um câmbio competitivo, ele estimula a exportação. Os juros, entendo que eles estão exagerados. Se você imaginar 10,5% de Selic, com uma inflação de pouco mais de 3,5%, nós estamos falando de 7% de juros real, é muito. Mas acredito que a tendência vai ser de queda. Está muito impactado pelos juros nos Estados Unidos, pelos juros americanos, questão externa e também pela questão fiscal, que eu acho que vai ficar clara nos próximos meses, com o compromisso do governo com o rigor de natureza fiscal.”
Para Alckmin, “a reforma tributária vai tirar a cumulatividade e desonerar completamente investimento e exportação, o que irá estimular o crescimento.”
“Há um estudo do Ipea que mostra que, em 15 anos, a reforma tributária pode fazer o PIB crescer 12%, os investimentos crescerem 14% a mais e as exportações 17% a mais. Ela traz eficiência económica. E a indústria está super tributada, então ela vai impulsionar a indústria.”
Em relação à escolha do próximo presidente do Banco Central, Alckmin disse que “essa é uma definição do presidente da república e no momento adequado”.