Em Bruxelas, Yellen defende imposto global e apoio fiscal e critica China

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São Paulo – A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, defendeu o imposto corporativo global mínimo de 15% e a manutenção de medidas de apoio fiscal em 2022 durante seu discurso de abertura na reunião do Eurogrupo (que reúne os ministros das Finanças da eurozona) em Bruxelas. Ela aproveitou a ocasião para criticar China e Rússia.

“Fornecer apoio fiscal contínuo para resgatar nossas economias e investir em uma recuperação inclusiva não significa que jogamos a cautela ao vento. A sustentabilidade fiscal de longo prazo é extremamente importante, e é uma das razões pelas quais precisamos continuar trabalhando coletivamente para implementar um imposto mínimo global de pelo menos 15%”, disse ela.

Yellen destacou ainda a necessidade de haver fontes de receitas sustentáveis que não dependam de mais impostos sobre salários dos trabalhadores e do agravamento das disparidades econômicas.

“Precisamos acabar com as corporações que transferem a renda do capital para jurisdições de baixa tributação e com truques contábeis que lhes permitem evitar o pagamento de sua cota justa”, afirmou.

A secretária norte-americana disse ainda que a resposta fiscal da União Europeia (UE) à pandemia de covid-19 foi decisiva e sem precedentes assim como as ações adotadas pelo Banco Central Europeu (BCE).

“Acho que todos concordamos que a incerteza continua elevada. Neste contexto é importante que a postura fiscal continue a dar suporte em 2022”, afirmou ela, acrescentando que os países da UE deveriam considerar medidas fiscais adicionais para garantir a recuperação econômica.

CHINA

Yellen também defendeu um trabalho conjunto entre Estados Unidos e Europa para fazer frente às ameaças de países como China e Rússia.

“Juntos, precisamos enfrentar as ameaças aos princípios de abertura, concorrência leal, transparência e responsabilidade. Esses desafios incluem as práticas econômicas injustas da China, comportamento maligno e abusos dos direitos humanos; os abusos em curso do regime de Lukashenko em Belarus; e o comportamento maligno contínuo e crescente da Rússia. Quanto mais enfrentarmos essas ameaças com uma frente unificada, mais bem-sucedidos teremos”, disse.

CLIMA

A secretário norte-americana também tratou do clima em seu discurso no Eurogrupo, classificando-o como um desafio sem fronteiras, que demanda esforços contínuos para aprofundar a cooperação econômica e assim ter um impacto positivo mais robusto.

“Temos diferentes estruturas e abordagens regulatórias e jurídicas, mas nossos objetivos estão alinhados e nossa ambição coletiva permanece firme. É importante que trabalhemos de forma colaborativa em questões que vão desde divulgações de riscos climáticos à assistência ao desenvolvimento climático para maximizar nosso impacto coletivo”, disse ela.