Em dia de baixa liquidez, Bolsa fecha em alta com apoio de commodities; dólar sobe

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São Paulo- Após duas quedas consecutivas, a Bolsa fechou em alta amparada pelas commodities, principalmente ligadas à mineração, e Petrobras (PETR3 e PETR4) em um dia de baixa liquidez, uma das piores do ano, e com o arcabouço fiscal no radar dos investidores.

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse aos jornalistas que que o texto do arcabouço fiscal seria entregue ao Congresso junto à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) até o dia 15, mas existem dúvidas de que o envio da proposta possa se postergar por conta da viagem de Haddad à China com Lula.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 2,65% e 2,12% e Vale (VALE3) avançaram 1,92%. Usiminas (USIM5) teve alta de 3,28%. CSN (CSNA3) registou ganho de 3,77%

O principal índice da B3 subiu 1,01%, aos 101.846,64 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 0,77%, aos 102.090 pontos. O giro financeiro foi de R$ 14,8 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Um gestor de investimentos de uma grande corretora disse que “as commodities seguram a Bolsa na sessão de hoje, mas a liquidez está muito reduzida, uma das mais baixas do ano”.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, disse que o Ibovespa sobe “em virtude do otimismo em relação ao arcabouço fiscal e com a viagem do Lula e da delegação para a China, é possível que tenhamos uma antecipação em relação à apresentação do arcabouço ao Congresso; o discurso do Lula de 100 dias de governo foi em visto pelo mercado”.

Cohen disse que apesar do minério de ferro e petróleo caírem, “temos alta generalizada em empresas dos setores na sessão de hoje”.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o Ibovespa sobe “sustentado pelas empresas ligadas à mineração com o cenário de recuperação de ativos voltados para China ; Petrobras e bancos que estavam descontadas com as fortes quedas dos últimos também ajudam o índice; o mercado segue olhando o arcabouço fiscal e os investidores viram com bons olhos o que o ministro Haddad disse hoje sobre a tramitação da proposta; lá fora o cenário é mais pessimista com os investidores precificando novas altas de juros após payroll sinalizar que o Fed pode continuar puxando a taxa para intervalo entre 5% a 5,50% ao ano”.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que a Bolsa sobe com a fala de Haddad. “É importante a urgência em relação ao arcabouço porque ainda ficaram muitas dúvidas; Petro e Vale sobem por serem ações mais líquidas; o técnico para o Ibovespa está muito leve e, com isso, essa notícia do arcabouço animou o mercado”.

Segundo um analista de um grande banco, a alta da Bolsa deve-se às falas do “Haddad de que o arcabouço fiscal será enviado ao Congresso junto com a LDO [Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias] até o fim desta semana; as commodities também ajudam o índice”. O ministro da Fazenda falou com os jornalistas, mais cedo, na entrada do Ministério, quando perguntado sobre o envio do arcabouço ao Congresso.

O analista também disse que existe uma barreira em relação aos 102 mil pontos e “o Ibovespa deve testar o patamar dos 103 mil pontos, amas a Bolsa ainda está muito frágil”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,13%, cotado a R$ 5,0660. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o aumento das apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá realizar um aumento residual nos juros na próxima reunião, em maio.

Segundo o sócio da Top Gain Investimentos Leonardo Santana, “o câmbio sobe muito por conta do macro, com as apostas de aumento de juros, na próxima reunião do Fed, aumentando novamente”.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “após o payroll, as apostas para a reunião de maio ficaram predominantemente em uma alta de 0,25 ponto percentual (pp). O mercado de trabalho nos Estados Unidos continua bastante aquecido”, que entende que o câmbio reflete o cenário global negativo.

O payroll (folha de pagamento) apontou a criação de 236 mil vagas de trabalho em março, em linha com as projeções do mercado.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda. Elas refletiram, ao longo da sessão, o otimismo do mercado com o empenho do Governo em acelerar o avanço do novo arcabouço fiscal.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,225% de 13,260% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,990% de 12,050%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,860%, de 11,910%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,975% de 12,035% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão mistos, com pequenas oscilações em relação à sessão anterior, com os temores de uma recessão voltando a assombrar Wall Street em meio aos aumentos de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e a desaceleração da economia norte-americana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,30%, 33.586,52 pontos
Nasdaq 100: -0,03%, 12.084 pontos
S&P 500: +0,09%, 4.109,11 pontos

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA