Em dia de forte volatilidade, bolsa e dólar fecham em queda

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São Paulo – O pregão de hoje apresentou muita volatilidade. A Bolsa abriu em queda e operou boa parte da manhã entre altas e baixas. No início da tarde, as ações da Petrobras impulsionaram o índice devido ao discurso de posse do novo presidente da estatal, general do Exército, Joaquim Silva e Luna [disse que vai buscar reduzir a volatilidade sem desrespeitar a paridade internacional]. O Ibovespa fechou em queda de 0,15%, aos 120.933,78 pontos.

O analista José Gonçalves Costa, da Codepe Corretoira atribuiu à volatilidade do índice e a queda no final do dia ao exercício de opções sobre as ações, que ocorreu na tarde de hoje na B3. “O exercício machucou alguns vendidos em Petrobras e levou o setor bancário a cair também”, afirmou.

Para o assessor e sócio da Valor Investimentos, Jean Malta, o discurso do novo presidente foi “bem positivo para o mercado”, o que contribuiu para a elevar o índice. Mas comenta que as pressões externas levaram à desaceleração e queda do Ibovespa. “No início do pregão lá fora as retrações eram pequenas, mas no final dos negócios as quedas foram mais acentuadas, afetando o setor bancário”, concluiu.

O assessor e sócio da Valor Investimentos acredita que a retração no índice também deve-se à discussão em relação ao Orçamento. “É um ponto muito importante que o mercado vem observando e que vai resolver só dia 22”, disse.

Na avaliação de Fernanda Consorte, economista do banco Ourivest, “é provável que a gente tenha alguns vetos parciais até quinta-feira [dia limite para a sanção ou veto do presidente Jair Bolsonaro], e mesmo com a PNL divulgado hoje, acredito que haja novos projetos encaminhados para o Congresso”, enfatizou.

O dólar comercial fechou em queda de 0,57% no mercado à vista, cotado a R$ 5,5530 para venda, em sessão de forte volatilidade e amplitude em movimento local, com investidores domésticos atentos aos desdobramentos em torno do Orçamento de 2021, às vésperas de ser sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro. Com isso, a moeda estrangeira engatou a quinta queda seguida, movimento que não acontecia desde maio do ano passado, quando o dólar recuou por seis pregões consecutivos.

Lá fora, a moeda operou em queda por toda a sessão, perdendo valor para as principais moedas de países emergentes e ligadas às commodities, enquanto aqui, um movimento técnico local na primeira parte dos negócios gerou forte volatilidade. Ao longo da parte, porém, a moeda firmou queda, chegando a renovar mínimas abaixo de R$ 5,53, no menor valor intraday desde 24 de março.

“O recuo do dólar repercutiu a continuidade de uma expectativa ligeiramente mais otimista em relação ao Orçamento, no qual espera-se que o [presidente Jair] Bolsonaro promova vetos no projeto. Mas o Planalto e o Congresso têm dado sinais dissonantes”, avalia o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz.

À tarde, em meio a notícias e declarações de parlamentares, os rumores de que o Congresso e o governo federal já fecharam um acordo para veto parcial de emendas na proposta orçamentária aumentaram. Bolsonaro tem até quinta-feira para sancionar a proposta orçamentária aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado no fim de março.

Amanhã, véspera de feriado no Brasil, com a agenda de indicadores esvaziada e após cinco pregões de queda, a moeda pode buscar uma recuperação, segundo o economista da Guide. Porém, Ortiz acredita que, caso a notícia sobre o acordo do veto parcial se confirme, há espaço para novas quedas da moeda.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda acompanhando o recuo do dólar em relação ao real depois de um início volátil para uma sessão na qual a forte queda nos vencimentos mais longos achatou a curva a termo enquanto os investidores ajustam suas expectativas em relação à taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) marcada para o início de maio.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou o dia com taxa de 4,625%, de 4,655% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,25%, de 6,33%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,87%, de 7,98% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,49%, de 8,63%, na mesma comparação.

Wall Street abandonou os níveis recordes alcançados nas sessões anteriores para terminar o dia em queda, com a fraqueza do setor de tecnologia pesando sobre os principais índices do mercado de ações norte-americano. O Dow Jones caiu 130 pontos de uma alta recorde, enquanto o S&P 500 recuou 0,5% após fechar em nova máxima na sexta-feira. O Nasdaq foi o que mais perdeu.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,36%, 34.077,63 pontos

Nasdaq Composto: -0,98%, 13.914,80 pontos

S&P 500: -0,53%, 4.163,26 pontos