Em dia de paralisação contra privatizações, ViaMobilidade registra falha nas linhas 8 e 9

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São Paulo – A ViaMobilidade Linhas 8 e 9, concessionária da CCR que administra as linhas de trem Diamante e Esmeralda, na Grande São Paulo, informou às 14h46, que a circulação de trens está paralisada entre as estações Morumbi e Osasco, devido à falha no sistema elétrico. Os ônibus da operação Paese já foram acionados para atendimento do trecho, num dia em que ocorre uma paralisação das estatais CPTM, Metrô e Sabesp contra a proposta do governo do estado de privatizar os serviços.

A empresa é um dos principais alvos de críticas contra a privatização, por apresentar falhas constantemente. Além de reclamações de usuários, a concessão foi alvo de intervenções do Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Em agosto, a concessionária assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) formalizado pelo MPSP para implementar melhorias nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda do sistema de trens da região metropolitana de São Paulo. A companhia se comprometeu a recolher R$ 150 milhões de indenização em virtude da falta de qualidade na prestação de serviços. A companhia também se comprometeu a antecipar investimentos de R$ 636 milhões que tem de fazer ao longo do contrato de concessão.

Segundo o MP, esse valor deverá ser utilizado, nos termos do TAC, para a construção de um complexo esportivo no Grajaú e uma creche ou escola infantil em cada uma das cidades cortadas pela linha 8 (São Paulo, Osasco, Carapicuíba, Barueri, Itapevi e Jandira); na ampliação do mezanino e interligação das plataformas da Estação Barra Funda; na instalação de estrutura de interligação das plataformas da Estação Presidente Altino; na ampliação da quantidade de bloqueios de acesso à Estação Autódromo-Interlagos; na reforma da Estação Antônio João; e na implantação de sistema que permitirá ao passageiro das linhas 8 e 9 acessar informações sobre o próximo trem, por meio da leitura com smartphones de QR-Codes exibidos nas estações.

A fiscalização do cumprimento de todas as obrigações ficará por conta do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) e dos municípios beneficiados. Caso ocorram fatos graves ou descumprimento do contrato, o MPSP e o Estado de São Paulo poderão instaurar novos procedimentos investigatórios.

A operação das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda de trens metropolitanos de São Paulo está sob responsabilidade da Via Mobilidade desde 27 de janeiro de 2022. Segundo a concessionária, desde então já foram investidos nelas mais de R$ 2,5 bilhões dos cerca de R$ 4 bilhões previstos.

“O Contrato de Concessão contempla muitos outros investimentos obrigatórios em estações, equipamentos e trens, e o padrão do serviço se aprimorará mais a cada dia, conforme realizados. E a todos eles, em benefício do transporte metropolitano e de seus usuários, passarão a se somar os investimentos adicionais acordados com o Ministério Público do Estado de São Paulo, diz a concessionária por nota.

Segundo a empresa, R$ 147 milhões acordados com o MPSP, serão direcionados a investimentos não previstos originalmente no Contrato de Concessão, integralmente revertidos ao patrimônio público, e os R$ 3 milhões remanescentes serão depositados no Fundo de Interesses Difusos.

A ViaMobilidade disponibilizará canais de contato com passageiros, na forma de sites e aplicativos para smartphone, para informá-los ativamente de quaisquer intercorrências nas Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, permitindo que programem seus respectivos itinerários e tempo de deslocamento mesmo que não estejam nas dependências das Estações, explicou.

Comércio estima perda de até R$ 55 milhões com paralisação

O comércio na Grande São Paulo pode ter deixado de arrecadar até R$ 55 milhões devido à paralisação anunciada por trabalhadores do Metrô, da CPTM e da Sabesp nesta terça-feira, 03, quando a circulação na capital paulistana está prejudicada. A estimativa, baseada no volume movimentado diariamente na cidade de São Paulo e na região metropolitana, é do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP).

Na avaliação do economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa, o prejuízo se dá, principalmente, por reduções nas compras “imediatas” e “por impulso” dos consumidores. “Com a restrição da circulação causada pela paralisação ficam prejudicados o que chamamos de consumos imediato e por impulso, que são os mais afetados quando há esses tipos de limitações no fluxo de clientes”, comenta Ruiz de Gamboa.

Tarcísio considera ato abusivo; sindicato contesta

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, classificou a greve que envolve metrô, CPTM e parte dos trabalhadores da Sabesp como abusiva: “Infelizmente, aquilo que a gente esperava está se concretizando. Temos uma greve de metrô, CPTM e Sabesp. Uma greve ilegal, abusiva, claramente política. Uma greve que tem por objetivo a defesa de um interesse muito corporativo”, bradou à Agência Brasil.

As linhas do metrô 1, 2, 3 e 15 estão parcialmente paralisadas, enquanto três das cinco linhas da CPTM estavam paralisadas, enquanto as linhas 7 e 11 funcionavam parcialmente.

Segundo Tarcísio, a paralisação desrespeita a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), de sexta-feira (29), que proibiu a greve total dos trabalhadores do metrô. Conforme determinação do desembargador Celso Ricardo Peel Furtado de Oliveira, deveria ser assegurada a circulação da frota de 100% dos trens nos horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e 80% nos demais períodos, sob pena de multa de R$ 500 mil. Essa turma não está respeitando sequer o Judiciário. Não estão respeitando o poder Judiciário, não estão respeitando o cidadão, criticou o governador.

Sobre os processos em andamento, Tarcísio afirmou que as decisões não foram tomadas ainda e que a população será consultada. Gente, nós estamos estudando. Iniciamos estudos para verificar a viabilidade financeira, para verificar se a gente pode prestar o melhor serviço. Em todo o processo de desestatização e todo o processo de concessão existe um momento da consulta à população, faz parte do rito faz parte do rito audiência pública, afirmou.

A presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa, rebateu, em transmissão pelas redes sociais, as declarações do governador. Segundo a líder sindical, a privatização dos serviços do metrô, trens e da Sabesp já está em andamento e não apenas em fase de estudos, como afirmou Tarcísio. Ele já fez um edital de terceirização dos serviços de atendimento do metrô, que está previsto para ocorrer na semana que vem, no dia 10 de outubro, enfatizou.

Tem leilão marcado de privatização da linha 7 Rubi para o dia 29 de fevereiro. Ele está encaminhando o projeto de lei de privatização da Sabesp na Assembleia Legislativa. Ele está conversando com os prefeitos de todas as cidades que têm os serviços de Sabesp, convencendo as prefeituras a abrir mão da autonomia dos municípios para avançar com o projeto de privatização da Sabesp, destacou a sindicalista sobre as ações concretas que estão sendo tomadas para que os serviços públicos sejam repassados à iniciativa privada.

Com Paulo Holland / Agência CMA e informações da Agência Brasil.