Em dia de pouca liquidez, Bolsa sobe e dólar com Focus e expectativa para Copom

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São Paulo- Apesar da baixa liquidez com o feriado nos Estados Unidos, a Bolsa fechou em alta expressiva e chegou perto dos 120 mil pontos, maior marca desde novembro do ano passado, em um dia de otimismo com as projeções do Boletim Focus para a nossa economia e a expectativa para o evento mais importante da semana, a decisão de política monetária do Banco Central (BC), principalmente as sinalizações no comunicado.

A reunião do Copom começa amanhã (20) e termina na quarta-feira (21). A decisão sobre a taxa básica de juros sai após o fechamento do mercado.

Hoje, mais cedo, o Boletim Focus mostrou redução nas estimativas de inflação medida pelo Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023 e 2024. A projeção para este ano caiu de 5,42% para 5,12% e para o ano que vem recuou de 4,04% para 4,0%. A expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano cresceu- de 1,84% para 2,15% e a Selic baixou de 12,50% em 2023 para 12,25%.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram 2,48% e 2,63%. O setor financeiro subiu em bloco. O setor de frigoríficos fechou em alta, após a notícia de que a JBS (JBSS3) vai investir R$ 800 milhões na unidade da Friboi em Diamantino (MT). As ações subiram 3,85%. Na contramão ficou a Vale (VALE3), que caiu de 0,38%.

O principal índice da B3 subiu 0,92%, aos 119.857,76 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou de 1,06%, aos 122.355 pontos. Na máxima interdiária atingiu 119.939,00 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,8 bilhões.

Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, disse que a Bolsa reage ao noticiário do mercado local por conta do feriado nos Estados Unidos e em dia de baixa liquidez. “Tendo em vista a aproximação de um corte de juros, o mercado reagindo positivamente. Na semana passada o Boletim Focus trazia corte de juros em setembro e esta semana em agosto, a antecipação desse corte traga melhora na economia. O volume negociado é mais baixo que a média devido ao ferido lá fora, o mercado está esperando com otimismo um comunicado mais brando do Copom com a inflação convergindo para a meta. Tem um cenário mais benigno. Focus trouxe leitura positiva para inflação. Este ano ainda acima da meta, mas desacelerando para 5,12%. Em 2024, 2025 e 2026 [as projeções estão] dentro da meta”.

Ariane Benedito, economista e RI da Esh Capital, disse a Bolsa sobe em dia de feriado nos Estados Unidos e menos liquidez com foco no comunicado do Copom. ” A expectativa no comunicado do Copom está animando os mercados com a sinalização do próximo corte da Selic e qual será a magnitude, esperamos uma redução de 0,50 pp para agosto por já ter ambiente propício para isso, o próprio Focus divulgado hoje pela manhã trouxe queda da inflação- de 5,42% para 5,12%, alta do PIB- de 1,84% para 2,14%- e até queda da Selic-de 12,50% para 12,25%; temos uma alta contaminada no Ibovespa, mas pelo peso os bancos e Petrobras estão sustentando os ganhos da Bolsa e o único impasse que faz com que [o Ibovespa] não avance mais é a Vale; hoje à noite a China pode cortar os juros para empréstimos e aí amanhã podemos ver a alta mais expressiva na Bolsa”.

Ariane comentou que o fator principal de volatilidade fora da conta é o fiscal. ” A votação do arcabouço no Senado deve passar do jeito que está, de retirada [de pontos] e não de adição, não é o que o mercado está olhando, já precificou muito lá trás”.

Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor de renda variável, com feriado nos Estados Unidos a liquidez fica bem reduzida no Brasil e o mercado de lado. “Aqui é uma semana importante para acompanhar o arcabouço fiscal no Senado, como vai ser a aprovação e se vai ter alteração e na quarta-feira o evento que requer mais atenção é a decisão do Copom; a manutenção da Selic é unanimidade, mas o comunicado vai ser relevante para ver se o BC sinaliza uma queda para o segundo semestre. Eles [do BC] vêm dizendo que os juros têm de cair quando for a hora certa, mas o mercado está esperando para o segundo semestre; hoje o Lula voltou a bater nos juros; ele disse que tudo está caindo, menos os juros. Na semana do Copom, a pressão começou bem cedo”.

O dólar comercial fechou a R$ 4,776 para venda, com desvalorização de 0,95%. Às 17h05min, o dólar futuro para julho tinha baixa de 0,88% a R$ 4.786,500. Em dia de baixa liquidez por conta do feriado nos Estados Unidos, o mercado reagiu positivamente ao boletim Focus, aguardando a definição da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), no final da quarta.

O Boletim Focus mostrou redução nas estimativas de inflação medida pelo Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023 e 2024. A projeção para este ano caiu de 5,42% para 5,12% e para o ano que vem recuou de 4,04% para 4,0

As instituições elevaram de 1,84% para 2,14% a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. A projeção para 2024 diminuiu de 1,27% para 1,20%.

O mercado reduziu de 12,50% para 12,25% a previsão para a taxa básica de juros (Selic) ao final de 2023. Atualmente, ela está em 13,75%, o que significa que o mercado espera um corte de 1,50 ponto porcentual (pp) até o final do ano. Há quatro semanas, a estimativa para a Selic ao fim de 2023 estava em 12,50%.

Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, disse que o dia foi de fortalecimento do dólar ao redor do mundo, por ausência dos EUA e falta estímulos na China, mas aqui o cenário é diferente. “Aqui real está forte reagindo desde o início à pesquisa Focus porque o mercado entende antecipação do início do corte do ciclo, a pesquisa mostra a redução em agosto e o mercado fica mais otimista com o cenário de juros; a liquidez é baixa e não tem lá fora para guiar; amanhã que o mercado será mais agitado. Hoje é o mercado mais guiado por Copom, cenário local”.

Ariane Benedito, economista e RI da Esh Capital, disse que a expectativa no comunicado do Copom está animou os mercados com a sinalização do próximo corte da Selic. “O que bate na moeda é o tripé econômico; não tem mais preocupação no curto prazo com inflação porque desacelerou, crescimento está desacelerando, mas dentro do esperado, a previsão de fechamento anual está acima das expectativas, no Focus de hoje está acima de 2% pra previsões de crescimento, é baixo, mas não pífio como se esperava anteriormente; e o fiscal, todas as propostas estão em linha com as expectativas, arcabouço sendo votado, o Senado pode surpreender, mas não está na conta; reforma tributária, não apresenta risco porque está em início de negociação; temos menos instabilidade de risco País é o sentido para queda do dólar”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham de lado, em dia de feriado nos Estados Unidos e sessão de menor liquidez, trazendo instabilidade às taxas. Por aqui, os investidores voltam sua atenção à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que começa amanhã e decide na quarta-feira se corta ou aumenta a taxa de juros. Dados positivos do Boletim Focus, divulgado mais cedo, também colaboram para pressão baixista nas taxas.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,025% de 13,025 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,140 % de 11,140%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,520 %, de 10,520 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,530 % de 10,520 % na mesma comparação.

 

Dylan Della Pasqua e Camila Brunelli