Em dia de realização de lucros, Bolsa tem leve queda com foco na Petrobras; dólar fecha a R$ 4,609

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A Bolsa fechou em leve queda, com movimento contrário às bolsas em Nova York, em um dia de realização de lucros após forte valorização na semana passada.
O impasse em relação à Petrobras gerou desconfiança no investidor com a desistência de Rodolfo Landim em assumir o Conselho de Administração da empresa e o recuo de Adriano Pires para o cargo de presidente da estatal por questões de conflito de interesses. Os papéis da petrolífera (PETR3 e PETR4) chegaram a cair mais de 2% e fecharam em queda de 1,02% e 0,93%.
Na sessão desta segunda-feira, os papéis das varejistas também registraram perda. Americanas SA (AMER3), Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) recuaram 1,76% e 2,17% e 1,61%. Em contrapartida, as ações da Vale (VALE3) subiram 1,01%.
O principal índice da B3 perdeu 0,23%, aos 121.279,51 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril caiu 0,35%, aos 121.570 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Flavio Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos, disse que o Ibovespa chegou a ter uma queda mais forte, mas perto do fechamento está voltando para o zero a zero em um “dia normal de realização de lucros após altas tão intensas”.
Oliveira ressaltou que é interessante observar que apesar do recuo mais leve da Bolsa, o dólar tem forte retração “o que mostra que existe dólares entrando no Brasil, na nossa Bolsa, refletindo a demanda por juros extremamente altos. A Bolsa ainda está barata se comparada com seus pares”.
João Abdouni, analista de investimentos da Inversa Publicações, afirmou que talvez o mercado esteja um pouco receoso com as mudanças na Petrobras, mas reforçou que a Bolsa tem hoje um “movimento de realização de lucros após altas de 6% em março e acredita que o mercado acionário não tem uma tendência reversão da valorização”.
Apesar de o recuo de Rodolfo Landim e a possível desistência de Adriano Pires para CEO da Petrobras, o analista de investimentos da Inversa Publicações disse que “não é preocupante mudar os nomes, mas alterar o perfil dos indicados e o Bolsonaro ainda não sinalizou ninguém que interviesse nos preços da empresa”.
O dólar comercial fechou em R$ 4,6090, com queda de 1,22%. A moeda perdeu durante toda a sessão – chegando a flertar com a quebra da barreira dos R$ 4,60 -, impactada pelo fluxo estrangeiro na bolsa.
Segundo o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “a continuidade do fluxo faz o real performar melhor ante seus pares. Quando você olha o comportamento das outras moedas, não era para ele (o real) estar neste patamar, que já está abaixo dos fundamentos técnicos”.
Leal enxerga o dólar descolado da Bolsa, com um “movimento próprio, que se retroalimenta”, e alerta que isso não é sustentável e que em breve deverá ser revertido.
Para o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “no curtíssimo prazo, o câmbio acabou sendo beneficiado pela guerra, mas isso teve impacto negativo na inflação, como no preço do petróleo”.
Serrano explica que o real já opera abaixo do valor baseado nos fundamentos técnicos, que gira em torno de R$ 4,80: “A questão é saber até quando as commodities irão continuar em alta, com os bancos centrais começando a subir os juros”, contextualiza.
De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, a tensão na Ucrânia “se estende aos mercados de juros e moedas, com sessão bastante volátil e a volta das discussões em torno da interpretação correta sobre qual seria o sinal emitido pela inversão na curva de juros americana”. O economista também acredita que o dólar “morno” no exterior deve fortalecer novamente o real.
Já na China, o governo voltou atrás e isso foi bem recebido pelos mercados, “após o governo chinês modificar uma medida que restringia o envio de dados de empresas a reguladores estrangeiros, permitindo auditoria na maioria das empresas listadas em Nova York”, explica Borsoi.
O mercado virou e as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda com uma boa percepção fiscal do Brasil ao investidor estrangeiro.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,620% de 12,620% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,825%, de 11,840%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,095%, de 11,160% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,855% de 10,980%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta, com a Nasdaq subindo 1,90%, puxadas pelo otimismo dos investidores com os papéis de tecnologia e ignorando as sinalizações de recessão na economia norte-americana.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,30%, 34.921,88 pontos
Nasdaq 100: +1,90%, 14.532,6 pontos
S&P 500: +0,80%, 4.582,64 pontos