Em dia de volatilidade, Bolsa fecha em leve alta de 0,02%; dólar encerra cotado a R$ 4,74

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São Paulo- A volatilidade deu a tônica dos negócios na sessão de hoje na B3. A Bolsa encerrou o pregão em alta de 0,02% com as ações de empresas ligadas à economia doméstica se valorizando por causa do Banco Central (BC) indicando que deve elevar só mais uma vez a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto porcentual (pp), na reunião de maio. Por outro lado, as commodities e exportadoras com um desempenho pior por conta da queda do dólar.
O principal índice da B3 subiu 0,02%, aos 119.081,13 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 0,10%, aos 119.860 pontos. Na semana, a Bolsa encerrou em alta de 3,27%. O giro financeiro foi de R$ 30,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.
As ações das varejistas como Americanas SA (AMER3) e Grupo Soma (SOMA3) subiram % e %. As empresas de shopping centers como BRMalls (BRML3) e Iguatemi (IGTI11) avançaram 0,31% e 3,04%. Os destaques de alta ficaram para os papéis da Cogna (COGN3), que subiram 20,78% após o balanço do 4T21. A Yduqs (YDUQ3) acompanha o movimento positivo da Cogna, aumentou 8,89%. Os papéis da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 1,73% e 0,08% e 0,37%. As exportadoras como Suzano (SUZB3) e Marfrig (MRFG3) perderam respectivamente 5,99%- mínima do dia- e 3,72%.
Hoje é o último dia de negociação da Cesp (CESP6) na Bolsa. A partir de segunda-feira, o novo nome será Auren Energia, com o ticker de AURE3.
Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, disse que existe um pouco de movimento de rotação de carteira com os investidores “alocando em papéis da economia doméstica como shoppings e algumas ações do setor de varejo aproveitando mais da queda dos juros; por outro lado mineração siderurgia e frigoríficos estão piores devido à baixa do dólar, que tira a atratividade das exportadoras”.
Outro analista do mercado financeiro comentou que às 15h55 o índice à vista mostrava-se estável à 119.134,07 pontos, no mesmo preço da média do dia 119,134 pontos. Ele acrescentou que “nenhum investidor quer ficar comprado ou vendido no fim de semana em que a guerra continua e a Bolsa está fechada”.
Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que a fala do integrante do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), John Williams, mais hawkish [dura] sobre a taxa de juros mexeu com o mercado lá fora e aqui. “Ele afirmou que o aumento de 0,50 ponto porcentual está na mesa, mas não informou a probabilidade de acontecer na próxima reunião em maio”. Alguns dirigentes têm defendido a elevação de 0,50 pp. já em maio.
O analista da Ouro Preto Investimentos comentou as commodities estão um pouco de lado e as ações de menor representatividade no índice estão com movimento positivo, como varejo e de tecnologia. “Os chamados papéis de segunda linha-que não são as blue chips- estão com bons fundamentos e com o tom mais otimista em relação aos juros porque vamos atingir o pico daqui a pouco e depois é só monitorar quando inicia o ciclo de queda, as empresas de tecnologia e mais expostas à Selic acabam se beneficiando”.
Mas cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), prévia da inflação, que subiu 0,95% em março. O mercado estimava avanço de 0,85%. É maior alta para o período desde 2015 (1,24%). “O mercado absorveu o resultado porque com o dólar e o petróleo em queda tira um pouco a pressão sobre a inflação”, disse Komura.
O dólar comercial fechou em queda de 1,77%, cotado a R$ 4,7470. A moeda norte-americana atingiu o menor valor desde o dia 13 de março de 2020. Assim como nos últimos dias, o movimento foi causado pela alta global das commodities e os altos juros praticados no Brasil.
Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “hoje, especialmente, vemos um movimento em linha com a crise global e a alta das commodities. Isso faz com que investimentos do leste europeu migrem para a América Latina”.
As altas taxas de juros, explica Rostagno, assim como dados ruins da economia dos Estados Unidos, contribuem com essa queda vertiginosa do dólar: “O (presidente do Banco Central, BC), Roberto Campos Neto, foi bem explícito ao falar que a próxima alta na Selic (taxa básica de juros) deve ser a última deste ciclo de aperto monetário”.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “no curto prazo, com a inflação global que causa a alta das commodities e os juros altos, a taxa de câmbio deve seguir valorizada. Isso, porém, não é uma tendência, com a projeção de um dólar mais forte ao final do ano”.
Abdelmalack acredita que além da reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), em maio, os fatores políticos – com a aproximação das eleições – e fiscais irão testar o fôlego do real: “São temas que se entrelaçam, estão atrelados”, observa.
As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda após mais um dia de forte impacto da alta das commodities, impulsionadas pela continuidade do conflito na Ucrânia.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,755% de 12,845% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,080%, de 12,300%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,460%, de 11,705% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,360% de 11,540%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão mistos, com o S&P positivo pela 2 semana consecutiva, o que praticamente apaga as perdas do índice desde o início do conflito na Ucrânia há pouco mais de um mês. A sessão foi volátil durante o dia, à medida que os investidores monitoram a guerra Rússia-Ucrânia e temem um aumento de juros mais acelerado por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,04%, 34.692,48 pontos
Nasdaq 100: -0,77%, 14.082,2pontos
S&P 500: +0,01%, 4.520,05 pontos