Em dia volátil, Bolsa fecha em alta à espera da decisão do Copom; dólar cai

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São Paulo – Em um dia de bastante volatilidade, a Bolsa fechou em alta com os investidores com a melhora dos índices em Nova York e à espera pela decisão da taxa de juros (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, após o fechamento do mercado. A expectativa é de elevação de 1,5 ponto porcentual (pp) na última reunião do ano em que a Selic deve passar de 7,75% ao ano (aa) para 9,25% aa.

No pregão de hoje, os investidores reagiram ao dado negativo das vendas no varejo- recuou 0,1% em outubro em comparação ao mês de setembro e impactou as ações do setor. Os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) caíram 10,62% Em contrapartida, o alívio em relação à variante Ômicron impactou positivamente o setor de turismo. As ações da CVC (CVCB3), Gol (GOLL4) E Azul (AZUL4) avançaram 9,59%, 9,17% e 5,86%.

A PEC dos precatórios fatiada foi promulgada pelo Congresso Nacional após algumas divergências por parte de parlamentares.

O principal índice da B3 subiu 0,50%, aos 108.095,53 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro aumentou 0,46%, aos 108.415 pontos. O volume financeiro foi de R$ 22,363 bilhões. 

José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, comentou que o mercado está atento ao Copom e acredita que “hoje o aumento na taxa de juros deve ser de 1,5 pp e o BC passará uma mensagem mais positiva para a próxima reunião em fevereiro (2)”.

Costa acrescentou que se a autoridade monetária sinalizar uma diminuição na alta de juros, “as ações do setor de construção podem se beneficiar e os fundos imobiliários passam a ser atrativos”.

De acordo com Enrico Cozzolino, analista da Levante Ideias Investimentos, o mercado está bastante neutro na sessão de hoje, mas a cautela predomina entre os investidores “com o Copom, PEC dos precatórios e a notícia da Pfizer permitiu uma tranquilidade no mercado”. Segundo a farmacêutica as três doses do imunizante neutralizam a variante Ômicron.

Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, afirmou que a Bolsa deve manter a lateralidade no aguardo do Copom “se vai vir o que os investidores esperam ou não, a não ser que saía alguma notícia muito relevante agora à tarde que reflita no Ibovespa”.

Daqui para o fim do mês, Mastromonico comentou que espera uma agenda mais parada com recesso parlamentar e sem crises políticas, e a “Bolsa pode até ter uma força compradora mais forte”.

Ele ressaltou que as vendas no varejo “vieram muito ruins e o impacto foi forte nas ações de Magazine Luiza e Via”. Em contrapartida, os papéis do setor de turismo “está segurando um pouco o índice e CVC está subindo forte com a informação sobre a variante Ômicron, que não apresenta alta mortalidade”.

O dólar comercial fechou em R$ 5,5350, com queda de 1,49%. O avanço significativo da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, em um acordo selado entre Câmara e Senado, além da diminuição da preocupação global com a variante Ômicron, derrubaram a moeda norte-americana.

Segundo o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “com a sensação de estar perto de resolver, têm-se a impressão de que se tirou o ‘bode da sala'”. O economista, porém, não acredita que mesmo com este alívio a moeda fique abaixo dos R$ 5,50, já que existe a possibilidade de antecipação do aumento dos juros nos Estados Unidos, para o próximo semestre, fortalecendo o dólar.

Quanto à nova cepa, Leal mostra confiança: “Está ficando mais claro que a Ômicron é menos letal, apesar de mais contagiosa que as variantes anteriores, além das vacinais atuais que estão se mostrando eficientes”, pontua.

Para o economista da Tendências Consultoria, Sílvio Campos, “o ambiente externo tranquilo, com diminuição das preocupações com a Ômicron, favorecem as moedas emergentes”.

Campos também acredita que o fortalecimento do real está intimamente ao aparente desfecho dos precatórios: “Isso é efeito do acordo entre Câmara e Senado. Não que seja algo a ser comemorado, mas as incertezas diminuem, mitigando as chances do surgimento de algo ainda pior”, pontua. O economista ressalta que a quebra do teto já foi precificada e que o próximo a ser debatido é o orçamento de 2022.

De acordo com boletim da Ajax Capital, “as atenções se voltam ao Comitê de Política Monetária (Copom) e dados de Varejo. Ainda assim, as ações podem continuar a refletir positivamente o acordo dos Precatórios”.

Na noite desta terça, em comunicado conjunto, os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, anunciaram acordo dos pontos em comum da PEC dos Precatórios, e que deverá promulgada ainda hoje.

Por outro lado, o Varejo apresentou leve retração, caindo -0,1% em outubro em relação a setembro. Já a grande maioria do mercado aposta em um aumento de 1,5 ponto percentual (pp) da Selic, sendo um valor fora disso uma surpresa.

As taxas longas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em forte queda, com sinalizações de recessão técnica da economia.

O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 9,100% de 9,040% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,370%, de 11,485%, o DI para janeiro de 2025 ia a 10,665%, de 10,860% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,680% de 10,850%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em queda, cotado a R$ 5,56 para venda.

Os principais índice do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo pelo terceiro dia consecutivo, com o Nasdaq subindo 0,64%, num dia mais calmo para os investidores, que estão cada vez menos preocupados com a nova variante Ômicron do coronavírus.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,10%, 35.754,75 pontos

Nasdaq Composto: +0,64%, 15.787,0 pontos

S&P 500:  +0,30%, 4.701,21 pontos