Em dia volátil, Bolsa fecha em queda de 0,13%; metálicas caem e petroleiras sobem

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Gráfico de ações // Créditos: Pexels/Tima Miroshnichenko

São Paulo, 2 de janeiro de 2025 – A primeira sessão de 2025 foi de volatilidade e com liquidez reduzida. A Bolsa fechou em queda, perto da estabilidade, oscilou entre a máxima de 120.781,81 pontos e mínima de 119.119,53 pontos com as ações das mineradoras e siderúrgicas em baixa e petrolíferas em alta. As incertezas com o quadro fiscal doméstico preocupam o mercado.

As ações Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 2,81% e 1,60%. Petrorio (PRIO3) e Petrorecôncavo (RECV3) avançaram 1,54% e 1,78%. A Azul (AZUL4) avançou 2,82%. Azul refletindo a transação tributária da Gol e a possibilidade de Fusão &Aquisição (M&A).

Na ponta negativa, as mineradoras e siderúrgicas caíram. Vale (VALE3) fechou em queda de 0,54%. CSN (CSNA3) recuou 4,96% e Usiminas (USIM5) perdeu 3,00%.

A Minerva (BEEF3) caiu 5,69% “com mercado penalizando a companhia em um momento de incertezas com a aquisição das plantas no Uruguai, que vão pressionar o desempenho esperado para 2024, além do alto endividamento”, segundo a Ativa Investimentos.

O principal índice da B3 caiu 0,13%, aos 120.125,39 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,22%, aos 121.370 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,2 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.

Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos, disse que a Bolsa opera perto da estabilidade, na faixa dos 120 mil pontos.

“O Indice melhorou perto do final do pregão, mas sem muitas novidades. Tem um leve alívio da tensão e liquidez ainda bastante reduzida em razão do início do ano. No pior momento do dia, chegou a cair quase 1%. As atenções principais ainda estão no fiscal com os agentes monitorando de perto os movimentos do governo em relação ao ajuste das contas públicas. O Ibovespa está em um nível bastante deprimido”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que “os dados de PMI da China deixaram investidores preocupados com a economia do país. Como eles são bem relevantes no comércio brasileiro, iniciamos o ano em queda”.

Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que o mau humor reflete um problema amais local que global.

“O Brasil está vivendo no mundo à parte. Acredito que o [investidor] local está muito mais pessimista com o Brasil que o gringo; só existe um tema, preocupação com o fiscal. A curva de juros abrindo há quatro, cinco dias, projeção de uma Selic terminal em 15%. O dólar só piora, isso não acontece quando o BC faz leilão. Outro agravante é a baixa liquidez por conta dos feriados [natal e ano novo] e janeiro é um m~es fraco de notícias. Tudo joga contra a bolsa. Não diria que esse mau humor aqui hoje é por causa da China. O minério de ferro subiu, as produtoras de minério lá fora [em Londres] sobem como Rio Tinto e BHP e Vale no zero a zero”.

Silva disse que não enxerga uma mudança na direção do mercado no curto prazo, vai ser mais nível de preço.

“Vai chegar em algum nível de preço que o investidor vai avaliar que vale a pena tomar risco, apesar de toda essa toda essa preocupação fiscal. O mercado já exagerou um pouco nas precificações dos ativos brasileiros, mas não vejo nenhum sinal para isso mudar no curto prazo. A gente vai depender de investidores grandes mudarem de opinião e tomarem rumo diferente. O grande driver é acompanhar a curva de juros. O mercado já precificou bem esse cenário ruim de Brasil”.

Mais cedo, Bruno Komura, analista da Potenza Capital, explicou que os juros e os dados piores da China puxam a Bolsa para baixo.

“Essa abertura dos juros acaba sendo muito ruim pra bolsa como um todo. O movimento de desconfiança [com o fiscal doméstico] continua, temos de observar se o BC vai seguir com as intervenções [no câmbio]. Se o cenário se mantiver estressante, impacta nos juros e leva bolsa pra baixo. Outro ponto é a China muito ruim, os PMIs chineses surpreenderam negativamente e estão puxando os mercados emergentes. Os papéis mais líquidos sofrem. Mineradoras e siderúrgicas caem com China”.

Komura disse que este ano devemos monitorar de perto a revisão de lucro das empresas. “A economia está a todo vapor, desemprego nas mínimas, atividade forte. Vamos ver como será a revisão de lucros. A gente vai ter que tomar cuidado porque os juros subiram na última decisão [do Copom], já estão contratadas mais 2 altas [da Selic} de 1ponto porcentual (pp), isso vai desacelerar a economia e tem propensão de ver a revisão de lucros pra baixo. A bolsa por múltiplo está barata, vamos ver por onde vem o ajuste por preço ou lucro”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,27 %, cotado a R$ 6,1627 no primeiro pregão do ano acompanhando o movimento global da moeda estrangeira e em dia de liquidez baixa.

Mas, nos primeiros negócios do dia, a divisa subiu, atingindo a máxima de R$ 6,2262, com o foco no fiscal doméstico e com a volta do Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

Às 17h07, o dólar futuro caía 0,11%, aos R$ 6,196,500.

Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, o movimento de hoje está atrelado a uma calmaria dos investidores nos Estados Unidos, conferindo um cenário de moderada positividade.

Komura acredita que o fiscal doméstico não influi no desempenho da moeda na primeira sessão da semana, que também é marcada pela baixa liquidez.

Mais cedo, Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, disse que a alta do dólar reflete o cenário fiscal interno turbulento e a volta de Trump à presidência dos Estados Unidos.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) operam majoritariamente em queda. O movimento de volatilidade representa dia de baixa liquidez.

“As principais bolsas asiáticas fecharam o primeiro pregão do ano em queda, com exceção da bolsa de Tóquio, que permanecerá fechada até o fim desta semana. Europa opera praticamente no campo negativo, com exceção da bolsa de Londres, que opera estável. Futuros norte-americanos operam em alta com uma agenda mais fraca, com PMI de dezembro e auxílio-desemprego semanal no radar. No mercado doméstico, teremos apenas o PMI de dezembro e investidores atentos aos movimentos dos juros e do dólar. ”

Por volta das 17h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 15,140% de 15,365% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 15,620%, de 15,930, o DI para janeiro de 2028 ia a 15,555%, de 15,925%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 15,410% de 14,815% na mesma comparação. O dólar opera em queda, cotado a R$ 6,1627 para venda.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, em uma sessão de negociação volátil, prolongando a tendência de baixa que encerrou 2024 e estendendo-a para janeiro.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,36%, 42.392,27 pontos
Nasdaq 100: -0,16%, 19.280,8 pontos
S&P 500: -0,22%, 5.868,55 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Safras News

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