São Paulo- Em dia bastante volátil e de agenda vazia de indicadores, a Bolsa fechou em leve queda com os investidores cautelosos com a possibilidade de adiamento do início do ciclo de corte dos juros nos Estados Unidos e o impacto por aqui.
O mercado fica à espera pela divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) com a expectativa de que o documento traga informações sobre a inflação por lá.
Mais cedo, Christopher Waller, governador do Fed, disse que não vê chance de um novo aumento da taxa de juros dos Estados, e que os dados mais recentes sobre a inflação são tranquilizadores e que a taxa atual está em um nível apropriado. Normalmente os discursos do Waller são mais duros.
O principal índice da B3 caiu 0,26%, aos 127.411,55 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho recuou 0,30%, aos 128.090 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, os investidores ficam na expectativa para a ata do Fed, preocupação com os juros e o fiscal por aqui.
“O Ibovespa está volátil com mercado à espera da ata do Fed, que será divulgada amanhã. [O governo federal] teve arrecadação recorde [R$ 228,7 milhões com impostos e contribuições em abril deste ano], mas a gente sabe que o governo está cada vez mais abrindo novas frentes de gastos e isso tira a credibilidade de atingir as metas, o que deixa o investidor nervoso”.
Cohen disse que outros fatores que corroboram para a queda da Bolsa são as diversas falas de membros do Fed sinalizando que não veem no curto prazo uma inflação de segurança e com isso fica difícil o início de corte de juros. Essa postergação traz instabilidade muito grande, principalmente para os países emergentes.
Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, disse que o mercado está sem definição muito clara, com a Bolsa mais em tendência de baixa devido à preocupação com os juros.
“O cenário macro desafiador, uma inflação perdurando nos Estados Unidos, tudo isso impacta o corte de juros por aqui. Os discursos dos bancos centrais globais em relação à postergação de corte de juros, principalmente pelo Fed, impactam diretamente as empresas domésticas de crescimento, como por exemplo, Lojas Renner que não tem nenhuma notícia vinculada à empresa para essa queda. A Movida, Vamos e Locaweb caem em um movimento generalizado de expectativa de juros”.
Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, disse que o mercado está na expectativa para a ata do Fed amanhã (22) e preocupação com juros aqui e lá fora.
“A Bolsa está devagar e a Vale está carregando o Ibovespa, com o mercado à espera pela ata que pode dar bastante cor em relação ao processo lento de desinflação nos Estados Unidos. Vários diretores do Fed falaram ontem e hoje o Waller [Christofer Waller] disse que precisa de vários meses de moderação da inflação para cortar os juros. Por aqui, a possibilidade de os juros pararem nesse patamar [Selic em 10,5% ao ano, nível atual] também preocupa o mercado]. No cenário doméstico, o fiscal se deteriorou muito e impede que a Bolsa decole; seguimos avaliando a Petrobras”.
O dólar comercial fechou em alta de 0,23%, cotado a R$ 5,1162. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a espera pela ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que será divulgada amanhã (22), e as incertezas que envolvem a politica monetária norte-americana e brasileira.
Segundo o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “existe uma cautela, uma interrogação em todos os lugares”, referindo-se ao Comitê de Política Monetária (Copom) e Fomc.
Nagem, contudo, demonstra certo otimismo: “As coisas parecem querer entrar numa normalidade”, avalia.
Para a economista do Ouribank Cristiane Quartaroli, “estamos em movimento de cautela, com o mercado esperando pela ata do Fomc, que sai amanhã. Estamos devolvendo a alta de ontem”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, e exemplo dos seguindo os Treasuries (título do Tesouro norte-americano), depois de falas dovish de dirigentes do Fed e da presidente do BCE, Christine Lagarde.
Por volta das 16h25 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,355%, de 10,360% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,655% de 10,700%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,000%, de 10,055%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,290% de 11,350 na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, mantendo os níveis recordes vistos na sessão anterior, enquanto os investidores aguardavam o relatório de lucros da Nvidia, favorita da inteligência artificial, amanhã.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,17%, 39.873,58 pontos
Nasdaq 100: +0,22%, 16.832,62 pontos
S&P 500: +0,28%, 5.321,47 pontos
Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News