Em discurso de despedida, Trump sinaliza que continuará na política

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São Paulo – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou suas ambições políticas em seu discurso de despedida como chefe da Casa Branca, ao afirmar que iniciou um movimento que terá continuidade. A declaração confirma a tese de muitos especialistas que acreditam que ele quer se firmar como uma força paralela dentro do Partido Republicano.

“Agora, enquanto me preparo para entregar o poder a um novo governo ao meio-dia de quarta-feira, quero que saibam que o movimento que iniciamos está apenas começando. Nunca houve nada parecido. A crença de que uma nação deve servir a seus cidadãos não diminuirá, mas apenas ficará mais forte a cada dia”, disse ele.

Sem desperdiçar elogios a si mesmo como de costume, o discurso de despedida de Trump foi todo marcado pelo que considera “feitos sem precedentes na história dos Estados Unidos”, que foram divididos entre economia e geopolítica.

“Ao encerrar meu mandato como 45º presidente dos Estados Unidos, estou diante de vocês verdadeiramente orgulhoso do que conquistamos juntos. Fizemos o que viemos fazer aqui – e muito mais”, afirmou.

Do lado da economia, Trump citou o ‘America First’ (Estados Unidos Primeiro), uma política que priorizou a indústria e os trabalhadores norte-americanos e que desencadeou uma série de disputas comerciais, a principal delas com a China.

“Além disso, e muito importante, impusemos tarifas históricas e monumentais à China; fizemos um ótimo acordo com a China. Mas antes mesmo de a tinta secar, nós e o mundo inteiro fomos atingidos pelo vírus da China. Nossa relação comercial estava mudando rapidamente, bilhões e bilhões de dólares estavam sendo despejados nos Estados Unidos, mas o vírus nos forçou a ir em uma direção diferente”, disse.

Trump reconheceu o impacto da pandemia do novo coronavírus sobre a economia norte-americano, mas afirmou que ofereceu cerca de US$ 4 trilhões em apoio e também promoveu “um milagre na saúde” ao ver uma vacina contra a covid-19 ser desenvolvida em meses ao invés de anos.

“Quando nossa nação foi atingida pela terrível pandemia, produzimos não uma, mas duas vacinas com velocidade recorde, e mais logo se seguirão. Eles disseram que não poderia ser feito, mas nós fizemos. Eles chamam isso de ‘milagre médico’, e é isso que eles estão chamando agora: um ‘milagre médico’”, afirmou. “Outra administração levaria três, quatro, cinco, talvez até dez anos para desenvolver uma vacina. Fizemos em nove meses”, afirmou

Do lado da geopolítica, Trump enumerou o que considera feitos de sua gestão: o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, a soberania israelense sobre as Colinas de Golã, a morte de terroristas, o fim do Estado Islâmico, o enfraquecimento do regime iraniano e os acordos históricos entre potências no Oriente Médio.

“Como resultado de nossa ousada diplomacia e realismo de princípios, alcançamos uma série de acordos de paz históricos no Oriente Médio. Ninguém acreditou que isso pudesse acontecer. Os acordos de Abraham abriram as portas para um futuro de paz e harmonia, não de violência e derramamento de sangue. É o amanhecer de um novo Oriente Médio e estamos trazendo nossos soldados para casa”, disse.

Ao estilo de seu rival Joe Biden, Trump encerrou seu discurso falando da unidade de um país no qual ajudou a dividir.

“Esta é uma república de cidadãos orgulhosos que estão unidos por nossa convicção comum de que os Estados Unidos são a maior nação de toda a história. Somos, e devemos sempre ser, uma terra de esperança, de luz e de glória para todo o mundo. Esta é a preciosa herança que devemos proteger a cada passo”, concluiu.