
São Paulo, 17 de fevereiro de 2025 – O presidente Luís Inácio Lula da Silva, em discurso em evento da Petrobras para anunciar iniciativas de fomento à indústria naval em Angra dos Reis (RJ), no Terminal da Transpetro, disse que os investimentos da Petrobras são importantes para a geração de emprego e o crescimento da economia brasileira e criticou a Lava-Jato e as tentativas de privatizar a companhia.
“A Petrobras é uma empresa que nasceu natimorta. Muita gente com complexo de vira-lata achava que era melhor importar petróleo dos EUA, ao invés de explorar petróleo no Brasil. A Petrobras nasceu de um presidente nacionalista”, disse.
Lula disse que, depois, “privatizaram pedaços da Petrobras” e “defenderam que a Petrobras não precisava fazer investimentos, só distribuir lucros para os acionistas”. “Mas quanto o investimento na Petrobras volta para o povo brasileiro?”
Para Lula, a operação Lava-jato foi “uma tentativa de destruir a Petrobras e a indústria brasileira”, e assim, “privatizar a Petrobras, começando pela BR Distribuidora” (atual Vibra). “Quem ganhou com a privatização da BR? O povo brasileiro? Não. Foi quem vendeu a empresa.”
“É preciso que a gente assuma e defender o que a gente acredita. Depois virá alguém que vai privatizar a Petrobras, em nome de uma economia que não acontece. Vai só dar dinheiro para quem vender.”
Em relação ao anúncio da Petrobras no fomento à indústria naval, o presidente disse: “Vamos provar que não temos complexo de vira-lata. Podemos competir com qualquer tecnologia do mundo.”
Lula disse que o Brasil aceitou o consenso de Washington e, assim, destruiu a sua indústria local, e agora, o governo norte-americano apresenta uma política protecionista. “Agora, entra um novo presidente com um discurso ‘América para os americanos’ e agora anuncia tarifas, expulsa os imigrantes que faziam o trabalho que os americanos não queriam fazer. Agora, começa a ameaçar o mundo. Todo dia é uma ameaça diferente. O Brasil é o país da paz. Eu ao invés de um murro, gosto de dar um beijo. É esse país que estamos construindo. O Brasil é do povo brasileiro e eles têm que respeitar as coisas que fazemos aqui dentro. Esse país é nosso e merecemos respeito. Temos 300 milhões de brasileiros e temos orgulho. Eu não tenho complexo de vira-lata. Apenas quero o direito de ser ouvido.”
Alckmin reforça políticas públicas e Silveira pressiona Ibama
Antes do discurso de Lula, o vice-presidente e ministro do do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse que a indústria naval terá R$ 1,6 bilhão da política de depreciação acelerada, entre outras políticas públicas que apoiarão o desenvolvimento industrial naval neste ano, como Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD), crédito com juros de 4% para a inovação via BNDES, Finep e Embrapii, o Regime Industrial da Indústria Química (Reiq), Combustível do Futuro, entre outras.
“A indústria está se recuperando. No ano passado, cresceu 3,7%, o dobro do mundo. O faturamento da indústria cresceu 5,6%. As exportações dos produtos industriais bateram recorde, quase US$ 190 bilhões.”
Alckmin disse que o presidente Lula sempre reforçou a importância da indústria naval. “Nosso mar jurisdicionado são 5,3 quilômetros quadrados. A costa brasileira tem 7,3 mil km e vivem e trabalham na costa 58 milhões de brasileiros. A indústria naval é soberania nacional, é tecnologia, é estratégica, é desenvolvimento, está na vanguarda da ciência e gera dezenas de milhares de empregos. Parabéns à presidenta Magda, à Petrobras, à Transpetro.”
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu o uso das redes sociais dos ministérios para defender as políticas públicas que foram retomadas pelo atual governo. “O ministro Rui Costa (Casa Civil) tem um comparativo muito claro: governo anterior investiu R$ 15 bilhões na indústria naval de cabotagem. Em dois ano, ele [o atual governo] já investiu R$ 45 bilhões na indústria naval de cabotagem. É importante que a gente faça e trabalhe para mostrar isso para a população brasileira, para fazer valer a verdade.”
Silveira também defendeu a exploração de petróleo na Margem Equatorial pela Petrobras e disse que atual diretoria da empresa é “unida e determinada”. “Queremos pesquisar a Margem Equatorial de maneira ambientalmente responsável. Temos que aproveitar essa fonte de riqueza nacional e gerar empregos e renda em todo o País. O petróleo é uma questão de demanda. Enquanto o mundo demandar, a Petrobras vai poder ofertar sim, petróleo, gás, biocombustível e todos os produtos que essa empresa produz. Os nossos resultados vão ajudar a financiar a transição energética, e, diga-se de passagem, com muito orgulho e em alto e bom som, somos o líder da transição energética global.”
Ainda sobre a Margem Equatorial, o ministro disse que “essa reserva, talvez maior que a do pré-sal, já está mudando a realidade” dos países vizinhos ao Brasil. “O PIB da Guiana cresceu 50% no último ano. O Brasil merece e, em especial, nossos irmãos nortistas e nordestinos, viver essa realidade. É arrecadação de mais de R$ 1 trilhão que precisa ser destinada para saúde e educação. Não podemos aceitar mais de R$ 350 bilhões em investimentos parados”, defendeu. “A Petrobras já entregou os estudos complementares ao Ibama e chegou a hora de virar essa chave.”
O ministro também fez um discurso em defesa da política de conteúdo local, anunciada hoje no evento da Petrobras, lembrando que em 2024, foi aprovada a lei que autoriza a transferência de excedentes de conteúdo local entre contratos de exploração de produção e disse que ela ajudou a criar 17 mil empregos.
“O crescimento significa retomar a exploração de petróleo, gás natural e fertilizantes significa apostar no aumento do conteúdo local; significa garantir segurança energética e alimentar. Não existe crescimento se seguirmos dependentes das exportações e se nossa matéria-prima continuasse beneficiada (no caso aqui, em especial, o aço), em outros continentes, perderíamos os nossos empregos.”
“Estive na Arábia Saudita, na Saudi Aramco, e vi como as políticas de conteúdo local apoiam o desenvolvimento econômico do Oriente Médio. É esse desenvolvimento impulsionado pelo conteúdo local que estamos trazendo novamente para brasileiras e brasileiros”, discursou o ministro de Minas e Energia.
“O presidente Lula voltou e retomamos os investimentos. A Petrobras não renovava a frota marítima há 10 anos. Até 2029, vamos investir mais R$ 23 bi e empregar mais brasileiros e brasileiras.”