Em véspera de feriado, Bolsa fecha em queda com pressão de Vale e juros nos EUA; dólar sobe

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda em mais um dia de aversão ao risco em linha com o pessimismo externo em razão dos juros americanos e recuo da Vale (VALE3), ação de maior peso no índice.

Com o feriado de Corpus Christi amanhã (30) em que a B3 ficará fechada, nos Estados Unidos será divulgado o PIB, e na sexta-feira (31) os investidores esperam pela inflação PCE.

As ações da Vale (VALE3) caíram 1,01%.

O principal índice da B3 caiu 0,86%, aos 122.707,28 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho recuou 0,73%, aos 123.045 pontos. No interdiário, a mínima foi de 122.457,54 pontos e a máxima de 123.780,47 pts.O giro financeiro foi de R$ 18,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no negativo.

Um gestor de um banco de investimentos, disse que os juros americanos seguem no foco do mercado.

“As treasuries continuam subindo e a leitura é que cada vez mais está reduzindo para um corte [das taxas] nos Estados Unidos para o final do ano. Na semana passada a chance era de dois cortes no ano e agora passou para um em 2024. Se caminhar dessa forma, a percepção é que a Selic pare em 10,5% no final do ano aqui. O semestre já está perdido. A bolsa está com queda de 8,42% este ano até maio e as ações que dependem de financiamento para girar a economia estão sofrendo, isso sem considerar os problemas internos”.

Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, disse que o fiscal aqui e o pessimismo no exterior pesam no índice.

“Por aqui o balanço orçamentário pior reforça a preocupação com o risco fiscal. A dúvida sobre o fiscal traz incertezas aos investidores sobre o corte de juros pelo Copom e lá fora o clima é de pessimismo refletindo as falas de ontem de membros do Fed que disse que pode até ter alta de juros [ Neel Kashkari, de Minneapolis disse precisa de mais dado que sinalize queda de inflação para um corte de juros e não descartou aumento]; o mercado está apreensivo para o PCE na sexta-feira (31], se vier positivo tende a puxar as treasuries e aliviar aqui; Vale e bancos também puxam o índice pra baixo. A mineradora reflete a China e o setor bancário as incertezas em relação ao corte de juros e o fiscal; Petrobras é puxada pelo petróleo”.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que a Bolsa está realizando e segue o mau humor externo com a postura de dirigentes do Fed mais duras.

“A expectativa do mercado fica para a inflação PCE, dado que o Fed gosta de olhar, e aqui o tema fiscal fvem chamando mais atenção nas últimas sessões, apesar de os indicadores terem vindo melhores, IPCA-15 mais fraco, Caged em linha e Pnad também com desemprego mais baixo. A queda do minério impacta na Vale e o mercado deve acompanhar a divulgação do Livro Bege que traça as perspectivas econômicas nos EUA”.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital disse que a Vale, os bancos e o exterior mexem com o mercado na sessão em dia em que os investidores não querem ficar comprados e nem vendidos por conta do feriado aqui amanhã.

“A Vale é puxada por China, o exterior está afetando muito o mercado com medo dos rumos da política monetária nos Estados Unidos com a possibilidade de o Fed cortar os juros só uma vez este ano, na última reunião de 2024. Os bancos estão ligados a saída de capital estrangeiros que tem sido forte e posicionamento dos fundos multimercados locais. As ações mais líquidas da Bolsa [Vale, Petrobras e bancos] é porta de saída de estrangeiros”.

O dólar comercial fechou em alta de 1,04%,cotado a R$ 5,2088. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o movimento de cautela do investidor, já que amanhã não haverá sessão devido ao feriado de Corpus Christi.

Segundo o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “vemos muita cautela hoje, e sexta a liquidez deve ser bastante reduzida”.

Na opinião de Komura, o Livro Bege, divulgado nesta tarde, não trouxe nenhuma novidade, apenas reforçando o discurso duro dos diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e que os cortes não devem começar em setembro, mas apenas na última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em dezembro.

Para a economista-chefe do Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “hoje existe aversão ao risco por conta do feriado e com a agenda forte dos Estados Unidos nos próximos dias, além da alta nas Treasuries”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, alinhadas ao movimento global negativo. Dados domésticos de trabalho e emprego fortes esticam ainda mais as taxas, somando-se à expectativa do mercado de apenas mais um corte de 25 p.p em 2024 pelo Comitê de Política Monetária (Copom) – ou até de taxas inalteradas.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,420%, de 10,380% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,870% de 10,715%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,240%, de 11,055%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,545% de 11,355 na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, após um aumento nos juros dos Treasuries desestabilizar investidores que já ponderavam se os últimos indicadores da economia poderiam pesar sobre os índices em Wall Street.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,06%, 38.441,59 pontos
Nasdaq 100: -0,58%, 16.920,58 pontos
S&P 500: -0,74%, 5.266,98 pontos

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News