Empresas de jogos de azar e apostas online receberam R$ 20,8 bi por mês em 2024, mostra estudo do BC

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São Paulo, 25 de setembro de 2024 – Um estudo preliminar do Banco Central feito a pedido do senador Omar Aziz sobre o mercado de jogos de azar e apostas on line estima que as empresas desse mercado receberam em média R$ 20,8 bilhões por mês, no período entre janeiro e agosto de 2024, de aproximadamente 24 milhões de pessoas. A maior parte dessas pessoas tem entre 20 e 30 anos de idade e apostam em torno de R$100 por mês. Estima-se que aproximadamente 15% do total apostado fica retido nas empresas, com o restante sendo distribuído aos ganhadores a título de prêmio.

Para termos de comparação, as loterias receberam por mês R$ 1,9 bilhão, em média, segundo o levantamento do BC. Os valores de loteria são a soma dos valores arrecadados em cada sorteio da Caixa Econômica Federal, divulgados no site de loterias.

O levantamento também mostra que as casas de apostas receberam R$ 10,51 bilhões de beneficiários do Bolsa Família de janeiro a agosto deste ano. O BC estima que, em agosto, 5 milhões de pessoas pertencentes a famílias beneficiárias do programa enviaram R$ 3 bilhões às empresas de aposta utilizando a plataforma Pix, sendo a mediana dos valores gastos por pessoa de R$ 100. Dessas pessoas apostadoras, 4 milhões (70%) são chefes de família (quem de fato recebe o benefício) e enviaram R$ 2 bilhões (67%) por Pix para as bets.

Segundo o órgão, esses números se originam de um primeiro levantamento feito pelo BC, com base em estimativas de valores apostados em agosto de 2024 a partir de transações via Pix. Para identificar as pessoas em grande vulnerabilidade financeira, o estudo utilizou a informação de beneficiários do Bolsa Família existente em dezembro de 2023. Cerca de 17% desses cadastrados apostaram em período. A proporção de apostadores é praticamente o mesmo quando se examina apenas quem de fato recebe o benefício governamental, os chefes de família.

“Esses resultados estão em linha com outros levantamentos que apontam as famílias de baixa renda como as mais prejudicadas pela atividade das apostas esportivas. É razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira”, comentou o BC, no estudo.

O BC disse estar “atento ao tema” e que “precisa ainda de mais dados e tempo para avaliar com maior robustez suas implicações para a economia, a estabilidade financeira e o bem-estar financeiro da população.”