Eneva reverte lucro e tem prejuízo líquido no 3° trimestre

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São Paulo, SP – A Eneva divulgou ontem (13) o balanço do terceiro trimestre de 2023, com prejuízo líquido de R$ 86,9 milhões, revertendo o lucro de R$ 237,8 milhões registrado no mesmo período do ano passado. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 903,1 milhões, alta de 51,1% na comparação anual, com crescimento de 2,9 pontos percentuais na margem Ebitda, fechando em 37,9%.

Segundo a companhia, o resultado é reflexo da redução de despesas, aumento de disponibilidade de Jaguatirica II, início da operação de Futura 1 e o reconhecimento do resultado integral do EBITDA de Hub Sergipe e UTE Fortaleza. Reestruturação da dívida da CELSE no período também destrava geração de valor e oportunidades relevantes para o desenvolvimento do Hub Sergipe.

O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 635,5 milhões, acima do valor negativo de R$ 113,7 milhões registrado no mesmo período do ano passado. O fluxo de caixa operacional (FCO) totalizou R$ 933,8 milhões, impulsionado pelo resultado operacional do trimestre e melhorado, principalmente, pelo impacto positivo da variação de capital de giro no período. O fluxo de caixa de atividades de investimento (FCI), por outro lado, somou saída de caixa total de R$ 792,3 milhões. Já o Fluxo de Caixa de Financiamento (FCF) totalizou entrada de caixa líquida de R$ 817,6 milhões. Os investimentos totalizaram R$ 716,1 milhões, dos quais 65,1% foram destinados aos projetos em construção.

A operação de reestruturação da dívida da CELSE concluída no quarto trimestre deste ano resultou em impacto financeiro positivo de adição de caixa de R$ 320 milhões para a Companhia, saindo de um saldo de caixa de R$ 2,645,9 bilhões no final do terceiro trimestre para R$ 2,965,7 bilhões após todos os eventos relacionados ao processo de refinanciamento. Além do ganho de caixa obtido, a reestruturação também reduziu o saldo financeiro da dívida em R$ 560,3 milhões,

A posição de dívida bruta consolidada (líquida do saldo de depósitos vinculados aos contratos de financiamento e custos de transação), ao final de setembro/23, totalizava R$ 23,712 bilhões, enquanto no final de junho/23, era de R$ 18,263 bilhões. O aumento do endividamento consolidado foi pontual e sobretudo decorrente da segunda emissão de debêntures da subsidiária da Eneva, Centrais Elétricas de Sergipe S.A. (CELSE), no contexto da reestruturação de sua dívida, cujo processo se encerrou em outubro/23 e será detalhado mais adiante na próxima subseção. No final do terceiro trimestre, a dívida líquida consolidada era de R$ 16,066 bilhões com a relação dívida líquida/EBITDA27 atingindo 4,22x nos últimos 12 meses.

O prazo médio de vencimento da dívida consolidada ajustada foi de aproximadamente 5,3 anos. O refinanciamento das dívidas da CELSE impactou positivamente o custo da dívida da Companhia, com redução do spread médio das dívidas indexadas ao IPCA para 4,42%, 71
bps menor na comparação com o segundo trimestre de 2023. O spread médio das dívidas indexadas ao CDI era de 1,26% ao final do trimestre, permanecendo relativamente estável na comparação com junho/23. Vale destacar que com as operações realizadas no âmbito da reestruturação da dívida da CELSE, a companhia não possui mais dívidas indexadas a SOFR e pré-fixadas.

A companhia encerrou setembro/23 com o saldo de caixa consolidado (caixa, equivalentes de caixa, títulos e valores mobiliários) somando R$ 2,646 bilhões, aumento de R$ 959 milhões em relação ao saldo de caixa registrado ao final de junho/23 Como resultado do panorama hidrológico ainda favorável, o PLD se manteve no piso estrutural, de R$ 69/MWh (revisado em janeiro/2023) em todos os submercados ao longo de praticamente todos os dias do trimestre.

Contudo, na última semana do trimestre, após o aumento brusco das temperaturas para patamares atípicos para o período e consequente elevação da carga, combinado a efeitos diversos que contribuíram para uma mudança repentina conjuntural do sistema, como redução da geração eólica e o enfrentamento de problemas em uma linha de transmissão no SIN, o PLD atingiu valores horários máximos entre R$ 232/MWh e R$ 620/MWh por 3 dias. Como resultado, o PLD médio totalizou R$ 73/MWh em todos os submercados no terceiro trimestre de 2023.

A UTE Parnaíba II, em cumprimento ao seu período de inflexibilidade, conforme previsto em seu contrato regulado, despachou desde 1 de junho esse ano. A usina registrou despacho médio de 91% e geração líquida de 986 GWh, com menor despacho em função de manutenções programadas realizadas no mês de setembro.

A UTE Jaguatirica II, localizada no sistema isolado de Roraima, apresentou geração líquida de 185 GWh . A usina registrou 86% de disponibilidade no período e despacho de 73%, versus 82% de disponibilidade e 63% de despacho no segundo trimestre de 2023, representando a evolução no processo de estabilização em andamento do sistema de liquefação no Campo do Azulão.

A demanda por importação de energia da Argentina e Uruguai registrou 0,5 GW médios por dia no trimestre, redução frente aos 1,4 GW médios diários no segundo trimestre de 2023 e aos 0,8 GW médios diários, sendo concentrada principalmente no mês de julho, em parte do mês de agosto e nos primeiros 10 dias de setembro, como resultado dos efeitos explicados na seção anterior. Nesse contexto, a geração termelétrica para exportação de energia no Complexo Parnaíba ocorreu em duas janelas dos meses de julho e agosto, apenas no ciclo combinado de Parnaíba I e Parnaíba V.

A geração de energia líquida para exportação do Complexo Parnaíba totalizou 158 GWh no com as operações das UTEs Parnaíba I e Parnaíba V, sendo 101 GWh comercializados a preços estabelecidos em contratos bilaterais e 57 GWh liquidados à PLD referente ao volume excedente.

A geração de energia líquida para exportação do Complexo Parnaíba totalizou 158 GWh com as operações das UTEs Parnaíba I e Parnaíba V, sendo 101 GWh comercializados a preços estabelecidos em contratos bilaterais e 57 GWh liquidados à PLD referente
ao volume excedente

A produção de gás natural da companhia totalizou 0,29 bilhão de metros cúbicos (bcm), sendo 0,23 bcm no Complexo Parnaíba e 0,06 bcm na Bacia do Amazonas, no Campo de
Azulão, para suprimento à UTE Jaguatirica II. O menor volume de gás produzido no trimestre quando comparado ao mesmo período de 2022 foi devido à menor geração de energia para exportação pelas usinas do Complexo Parnaíba, efeito que compensou o maior volume de gás produzido no Campo de Azulão na comparação trimestral. A Eneva encerrou com um total de reservas 2P de gás natural de 46,8 bcm.