Entidades consideram manutenção da Selic em 13,75% negativa para setor de construção

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São Paulo – Após o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidir, nesta quarta-feira (21/6), manter a taxa de juros Selic em 13,75% ao ano (aa), entidades do setor da construção manifestaram insatisfação com a decisão e reforçaram que a medida atrapalha seus negócios.

Em nota, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) destacou que a decisão afeta o desempenho da atividade produtiva no país e impacta diretamente o setor da construção. Lamentamos que a taxa seja mantida, mais uma vez, nesse patamar exorbitante. Isso está claramente afetando o desempenho da atividade produtiva no país, justamente ela que gera renda e emprego. Particularmente, a indústria da construção está sendo muito impactada por esse juro elevado, disse a entidade, em nota.

Segundo dados divulgados pela CBIC, houve queda de 30,2% dos lançamentos imobiliários nos primeiros três meses deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. A entidade ainda destacou que deve revisar a projeção de crescimento do setor para 2023. “O cenário com menor pressão inflacionária, a melhoria das expectativas e a redução de incertezas com a aprovação do arcabouço fiscal pela Câmara dos Deputados demonstra que ou reduzimos os juros ou continuaremos a atrasar o crescimento do país”, comentou a entidade.

A entidade também citas que a caderneta de poupança, uma das principais fontes de financiamento imobiliário, já perdeu, nos primeiros cinco meses de 2023, mais de R$ 56 bilhões. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) os financiamentos imobiliários com recursos da caderneta de poupança apresentaram queda de 34,6% em abril, em relação a março deste ano. Dados preocupantes e que adia para agosto a expectativa do início do ciclo de afrouxamento monetário, disse.

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) também vê impactos negativos da Selic elevada para os financiamentos imobiliários do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) ao lamentar a decisão do Banco Central e reforçar a importância da redução da taxa para impulsionar os negócios no setor. “A taxa de 13,75% inviabiliza a aquisição de imóveis para milhares de famílias, uma vez que os altos juros resultam em um aumento exorbitante de 23% nas parcelas do financiamento”, disse, em nota.

A associação considera “preocupante” constatar que o Brasil detém as maiores taxas de juros reais do mundo (quando descontada a inflação), com uma taxa de 9,4% ao ano, muito acima do segundo colocado, o México,. Esses números representam um obstáculo significativo para investimentos e têm um impacto prejudicial na geração de empregos, especialmente para a população de baixa renda”, diz a Abrainc.

Outros impactos do juro elevado mencionados pela Abrainc em sua nota foram o aumento da inadimplência das empresas, o crescimento de casos de empresas em recuperação judicial e falências. “Diante desses dados, a Abrainc reitera a importância de uma redução na taxa Selic como medida essencial para impulsionar o desenvolvimento econômico do Brasil, estimular investimentos, criar empregos e proporcionar moradia digna para a população brasileira”, finalizou.