São Paulo – A escolha de Rodrigo Limp pelo governo federal para a presidência da Eletrobras foi bem vista pelo mercado, que destacou o currículo técnico e vê uma continuidade da proposta de privatização da estatal. Porém, causou certa polêmica por não respeitar todo o processo sucessório conduzido pela empresa, não levando em consideração a análise da assessoria de recrutamento Korn Ferry, contratada para auxiliar a escolha.
Após a indicação, o conselheiro e coordenador do comitê de auditoria, Mauro Gentile Rodrigues Cunha, que representa os acionistas minoritários da estatal, pediu renuncia ao cargo por não concordar sobre como a nomeação foi feita. Cunha destacou que a Eletrobras ignorou a opinião formal da consultoria, que vinha analisando nomes do mercado, o que representa uma quebra de confiança em relação à governança corporativa.
Limp é hoje secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia e foi diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) entre maio de 2018 e março de 2020.
“Apesar de não ter sido o indicado pela consultoria Korn Ferry, ele é um técnico de ponta, já foi diretor da Aneel, consultor legislativo na área de recursos minerais, hídricos e energéticos e atualmente trabalha como Secretário do Ministério de Minas e Energia. Ou seja, é um nome técnico, que conhece bem os aspectos regulatórios”, destacou o analista de equities da Investmind, Lucas Marins.
Além de técnico, Marins vê como qualidade “um bom trânsito político”, podendo facilitar o processo de privatização da Eletrobras, que segue no foco dos investidores.
Na mesma linha, os analistas do Credit Suisse destacam, em comentário enviado a clientes, que Limp “conhece bem o setor energético e está envolvido nas discussões de privatização, já que é atualmente secretário de energia elétrica e já foi diretor da Aneel.”
Os analistas da XP Investimentos, Gabriel Francisco e Maira Maldonado, também ressaltam que o secretário, embora não fizesse parte da lista da Korn Ferry, foi avaliado e recomendado pelo Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remuneração da empresa, além de ter sido entrevistado e aprovado,por maioria, pelo conselho de administração, estando em linha com os requisitos legais e de qualificação técnica necessários.
“A nomeação atende a critérios técnicos tendo em vista a sua trajetória profissional com ampla experiência no setor elétrico, especialmente no que diz respeito à regulação”, afirmaram.
O nome do atual secretário ainda deverá ser aprovado pela Casa Civil e confirmado pelo conselho de administração. Atualmente, a Eletrobras é presidida de forma interina por Elvira Cavalcanti Presta, que assumiu o cargo até que o conselho de administração conclua o processo de sucessão do novo presidente. Ela substitui Wilson Ferreira Junior, que teve uma gestão elogiada pelo mercado e deixou a companhia para assumir a presidência da BR Distribuidora.
As ações da Eletrobras fecharam em forte alta com a indicação e expectativa de privatização. Os papéis ordinários (ELET3) subiram 4,98%, a R$ 33,90, enquanto os preferenciais (ELET6) avançaram 3,58%, para R$ 34,34.
Edição: Danielle Fonseca (daniele.fonseca@cma.com.br)