São Paulo, 20 de outubro de 2020 – A Espanha estuda o estabelecimento de toques de recolher como forma de conter as infecções pelo novo coronavírus, embora o governo alerte que não adotará medidas desse calibre se não tiver o apoio da oposição. As informações são da agência de notícias “Sputnik”. “A possibilidade de toque de recolher deve ser estudada e valorizada”, disse o ministro da Saúde, Salvador Illa, em entrevista coletiva.
Em apenas um dia, o número de casos do novo coronavírus na Espanha subiu em 5.314, para um total de 988.322, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde espanhol. Madri é a região do país com o maior número de infecções por covid-19, com 283.130 casos, um avanço de 1.358 em 24 horas, seguida pela Catalunha, com 179.552 infecções, alta de 330 casos em um dia.
As mortes pela doença na Espanha somam 34.210, uma alta de 553 considerando os últimos sete dias. No mesmo período, as hospitalizações avançaram em 3.784, para 164.041, e os ingressos em unidade de terapia intensiva (UTI) subiram em 283, para 14.767.
O ministro da Saúde da Espanha, Salvador Illa, disse em coletiva de imprensa que o estabelecimento de toques de recolher é uma possibilidade para conter a propagação do novo coronavírus, conforme adotado em outros países europeus, caso da França.
O toque de recolher saltou para o debate público na Espanha hoje, após as autoridades da Comunidade de Madri levantarem essa opção como uma forma de continuar a restringir a mobilidade, uma vez que terminar o estado de emergência declarado na região. Para o governo nacional, uma restrição deste calibre só pode ser estabelecida no quadro de um novo estado de emergência, que lança sombras sobre a sua viabilidade, uma vez que este instrumento está há meses no centro da batalha política.
O governo tem o poder de declarar o estado de emergência, mas precisa do apoio da maioria do Congresso se quiser prorrogá-lo por mais 15 dias. A falta de apoio parlamentar acelerou o processo de desaceleração do confinamento em junho e, neste momento, o governo nem vai pedir uma prorrogação do estado de emergência declarado de forma especial em Madri.
Por isso, o ministro da Saúde adiantou que o governo não se aventurará a declarar toque de recolher se não tiver amplo apoio político. “Se essa medida for bem-sucedida, tem que ser com a certeza de que terá o respaldo necessário caso seja necessário prorrogá-la por mais 15 dias”, disse Salvador Illa.
Da mesma forma, o governo espera poder coordenar qualquer medida com as diferentes comunidades autónomas para evitar confrontos institucionais como o que mantém com as autoridades madrilenhas. “Quero saber quem estaria disposto a apoiar um estado de emergência”, insistiu Illa.
Até à data, a ferramenta mais utilizada para limitar a mobilidade em Espanha é o estabelecimento de fechamentos perimetrais em diferentes cidades e municípios. Estes fechamentos – o mais notável ocorrendo em Madri – limitam a liberdade de circulação de até 6,3 milhões de espanhóis, que não podem deixar o seu município de residência a não ser para trabalhar ou por motivos justificados.
Além disso, outros territórios como Catalunha ou Navarra estão adotando medidas como o fechamento de bares e restaurantes para tentar limitar a atividade social.