Por Gustavo Nicoletta
São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro disse que “está chegando a hora” de indicar seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. “Uma vez aprovado, vou ficar longe do meu filho, mas estarei feliz porque ele quer fazer isso”, disse ele em entrevista ao jornal Correio Braziliense.
“Caso precisemos falar com Trump [Donald Trump, presidente dos Estados Unidos], o Eduardo ligando, por ser filho nosso, com toda a certeza, terá um espaço na agenda dele”, afirmou o presidente, que novamente negou haver nepotismo na indicação.
“Se não for meu filho, será filho de alguém. Por que o filho de político tem que ser malvisto? Alguns que, realmente, colocam o filho para fazer besteira, né? Mas, no caso do Eduardo, será submetido a uma sabatina no Senado e, depois, para o plenário, caso seja aprovado.”
As interpretações no Senado a respeito de a indicação poder ser considerada nepotismo divergem. Em resposta a uma consulta feita pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a advocacia-geral da Casa afirma ser legalmente permitida a nomeação de Eduardo para o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
No mês passado, porém, a pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), a Consultoria do Senado produziu parecer contra a indicação. À época, os técnicos da Casa entenderam que o cargo de embaixador é comissionado e, por isso, é enquadrado nas regras do Supremo.
Uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e do instituto MDA publicada em agosto mostrou que a indicação de Eduardo Bolsonaro para o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos era considerada “inadequada” para 72,7% dos entrevistados. Os que consideravam a eventual indicação “adequada” eram 21,8%, e os que não quiseram ou não souberam responder foram 5,5%. A pesquisa ouviu 2.002 pessoas entre os dias 22 e 25 de agosto e tem margem de erro de 2,2 pontos porcentuais para mais ou para menos.