Estamos em uma montanha, e precisamos encontrar ponto certo para descida, diz Nagel, do BCE

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O presidente do banco central alemão (Bundesbank), Joachim Nagel | Foto: Frank Rumpenhorst/Bundesbank

O presidente do Bundesbank (o banco central alemão), Joachim Nagel, e membro do Banco Central Europeu (BCE), em uma palestra hoje (10) mais cedo, disse que ainda é necessário ser cauteloso com a política monetária.

Na semana passada, o banco decidiu por um corte de 0,25 pp nas taxas de juros -movimento amplamente esperado pelo mercado. Mas os dirigentes não se comprometeram sobre cortes adicionais.

“Uma coisa é certa para mim: precisamos ser cautelosos. Em termos figurativos: não nos vejo no topo de uma montanha, de onde inevitavelmente desceríamos. Eu nos vejo mais em uma crista, onde ainda precisamos encontrar o ponto certo para a descida”.

Ele disse que a inflação vem em um ritmo de queda, e que há alguma melhora nos indicadores econômicos da Alemanha, mas a economia ainda está em um ritmo de estagnação.

“A atual fraqueza preocupa muitos, pois nosso país, a economia alemã, enfrenta grandes desafios a longo prazo. Em primeiro lugar, menciono a necessária descarbonização da economia e o envelhecimento da nossa sociedade. Ambos trazem cargas significativas. E há ainda as tensões geopolíticas, cujo desenvolvimento é difícil de prever, mas que apresentam riscos consideráveis”, continuou.

Ele destacou a importância do crescimento da produtividade, que vem diminuindo ao longo dos anos. “Na Alemanha, constatamos que em 2023 houve quase um terço menos entradas e saídas de mercado do que em 2004, cerca de 30%. Essa forte redução pode explicar o fraco desenvolvimento da produtividade no país “.

“Se perguntarmos pelas razões para o declínio nas entradas de mercado, a oscilação da conjuntura é um fator. Em períodos de expansão, mais empresas são criadas, enquanto em recessões mais empresas são fechadas. Além disso, uma crescente incerteza reduz o número de novas empresas”.

Portanto, segundo Nagel, é ainda mais importante apoiar a dinâmica empresarial onde for possível. “Além da redução da burocracia excessiva, menciono também o acesso melhorado a fontes de financiamento: como vocês provavelmente sabem, avanços na união dos mercados de capitais na Europa são particularmente importantes para mim. Quanto mais avançarmos nessas áreas, mais os desafios mencionados anteriormente poderão se tornar oportunidades para mais inovação, dinamismo econômico, empregos seguros no futuro e maior crescimento”, concluiu.