Energia eólica deve quadruplicar no Brasil até o fim da década, dizem fabricantes

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São Paulo – A 13a. edição do Brazil Windpower, principal congresso e feira de negócios da América Latina sobre energia eólica, promoveu na manhã de hoje o painel “Cadeia produtiva e seus insumos: crescimento e novos desafios da competitividade”.

O debate contou com a participação de Rodrigo Ugarte Ferreira, chefe de compras para Latam da Vestas, Roberto Veiga, gerente geral Brasil da Goldwind, Felipe Ferrés, diretor da Siemens Gamesa, João Paulo Gualberto da Silva, diretor superintendente da WEG, Marcelo Aparecido da Costa, diretor de compras da Nordex e Roberto Miranda, diretor técnico da Torres Eólicas do Nordeste (TEN).

Todos os debatedores foram unânimes em afirmar que o potencial de energia eólica no país é enorme e que esta demanda deve quadruplicar até 2030, diante da importância que a segurança energética ganhou nos últimos anos e do processo de descarbonização que o mundo está passando.

Para Rodrigo Ugarte Ferreira, da Vestas, o maior gargalho que o setor tem hoje no Brasil é logístico. “É preciso uma cadeia logística consolidada para escoarmos nossa produção. Mas não é isso que encontramos sempre, e o resultado disso são custos maiores e a perda da competitividade da indústria brasileira”, explicou Ferreira.

João Paulo Gualberto da Silva, da Weg, lembrou que, apesar da expansão do mercado eólico, os fabricantes de aerogeradores estão reduzindo sua produção nas últimas décadas diante do aumento da matéria prima. Por outro lado, Silva destacou que a energia eólica no Brasil já é extremamente competitiva em relação a outras fontes de energia.

“A matriz energética brasileira é muito limpa. Vamos nos beneficiar ainda mais nos próximos anos com o aumento da pressão sobre a produção de CO2. A economia de baixo carbono é irreversível e as empresas brasileiras precisam estar cientes de sua responsabilidade, não apenas econômica e ambiental, mas também social”, explicou Silva.

O executivo da Weg apontou que a indústria brasileira e sua cadeia de fornecedores têm um mercado enorme no exterior se melhorarem seus processos de produção baseado no baixo carbono. Para ele, isso será determinante para conseguir conquistar e ampliar as exportações de produtos fabricados no Brasil.

O representante da Goldwind, empresa chinesa que vai instalar no Ceará uma fábrica de aerogeradores eólicos on e offshore, Roberto Veiga, afirmou que é fundamental que a demanda aumente para que a cadeia produtiva funcione melhor, atraindo novas empresas para instalar fábricas no Brasil.

Veiga destacou que a questão tributária no país ainda é uma questão que precisa ser discutida para atrair cada vez mais investimento para o Brasil. “Os aumentos de custos nos últimos anos têm atingido a cadeia produtiva como um todo, e isso diminui a competitividade. É importante que os impostos sejam diluídos por toda a cadeia produtiva”, salientou o executivo.

O executivo da Siemens Gamesa, Felipe Ferrés, também mostrou sua preocupação com os constantes aumentos no custo da produção. “A cadeia de fornecimento não consegue sobreviver diante dos aumentos. É preciso previsibilidade para tocarmos os projetos de longo prazo. O país precisa investir na expansão de uma base de fornecedores locais, incentivar a produção no país, não apenas para suprir a demanda nacional, mas também com os olhos nas exportações”, detalhou Ferrés.

“É preciso assegurar uma competitividade com os produtores estrangeiros. Isso vai aumentar a produtividade local, criar mais empregos. A era de importar tudo da China acabou. Temos que investir em um parque industrial brasileiro para a indústria eólica. A demanda existe e precisamos estar preparados para poder supri-la. É fundamental um plano tributário para melhorar nossa competitividade”, explicou Rodrigo Ugarte Ferreira, da Vestas.

RECORDE

O Brasil registrou cinco novos recordes de geração de energia eólica em setembro, todos entre os dias 5 e 7. O Sistema Interligado Nacional (SIN) atingiu 15.890 MW médios, o que representou 22,9 % da demanda de energia do SIN. O melhor resultado anterior fora de 15.150 MW médios, em 30 de agosto de 2022.

As outras duas melhores marcas de geração eólica foram no subsistema Nordeste. A instantânea chegou a 16.618 MW, às 22h21. O valor representa 142,5% da demanda. O melhor resultado anterior foi de 16.055 MW, aferido em 30 de agosto. A nova marca na geração média de energia eólica no subsistema é de 14.439 MW médios, o que corresponde a 136,6 % da demanda.

A energia eólica representa 11% da matriz energética nacional, segundo o Governo Federal. Atualmente, apenas as usinas eólicas em construção devem somar mais 5,5 gigawatts a esta conta, sendo que 2,95 gigawatts devem ser entregues ainda este ano.