Fala do presidente do Fed mexe com mercados; Bolsa sobe e dólar cai

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São Paulo – O Ibovespa operou com bastante volatilidade de hoje. Durante a manhã, o índice apontava queda e reverteu o movimento no início da tarde. A notícia sobre a entrega de novas doses de vacinas incrementou os ganhos, mas o avanço do índice veio com a decisão do Federal Reserve (Fed-banco-central norte americano) em manter a taxa de juros dos Estados Unidos entre zero e 0,25 ponto percentual e o discurso do presidente da instituição, Jerome Powell, sinalizando uma melhora na economia. No entanto, ele advertiu que isso só será possível dependendo da evolução do coronavírus e dos avanços da vacinação. O índice fechou em alta de 2,21% aos 116.549,44 pontos.

Segundo uma fonte, após a notícia do Fed de não aumentar a taxa de juros deixou os investidores otimistas e com apetite de comprar ações brasileiras. “Os papéis estão baratos”, afirma.  No entanto, o mercado seguirá atento para que inflação norte-americana não ultrapasse a meta de 2% este ano.

Aqui, a atenção ainda fica por conta da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que sairá após o fechamento do mercado. A estimativa é de que o colegiado suba a taxa de juros do Brasil -a Selic- em 0,5 ponto percentual, depois de seis anos sem sofrer mudanças, devido à alta da inflação.

Outra grande preocupação do mercado é em relação à pandemia que devasta o País. Em apenas 24 horas, o Brasil registrou 2798 mortos, 116 vidas perdidas por hora, mais um recorde diário. Os governadores e prefeitos endurecem as medidas de restrições e muitos adotam lockdown para conter o vírus. Em meio a esse quadro, houve a troca de ministro da Saúde. Mas hoje houve um alento com a entrega de novas doses de vacinas da Coronavac, parceria entre o Instituto Butantan e a chinesa Sinovac, e da AstraZeneca/Universidade de Oxford, produzida pela Fundação Owaldo Cruz (Fiocruz), ao Ministério da Saúde.

O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, participou de uma solenidade na Fiocruz, no Rio de Janeiro, para a entrega de 500 mil doses da vacina contra a Covid-19. Ontem a presidente da Fiocruz, Nisa Trindade, divulgou que a entidade deverá entregar esta semana 1,08 milhão do imuzinate. Hoje, o governador de São Paulo anunciou em entrevista coletiva que foram entregues dois milhões de vacinas do Instituto Butantan para o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. Na segunda-feira, dia 15, o Butantan já tinha feito a remessa de 3,3 milhões de doses. Até o momento foram distribuídas ao Ministério 22,6 milhões do imunizante. Até o fim de abril, a pasta da Saúde receberá 46 milhões de vacinas do Butantan, produzido em parceria com a chinesa Sinovac.

O dólar comercial fechou em queda de 0,53% no mercado à vista, cotado a R$ 5,5830 para venda, reagindo à decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), no qual manteve a taxa de juros na faixa entre zero e 0,25% e indicou que os juros devem seguir baixos até 2023. Além disso, a autoridade monetária divulgou projeções mais positivas para a economia dos Estados Unidos, sinalizando que a recuperação do país pode ser mais rápida do que a esperada.

Para a economista da Toro Investimentos, Paloma Brum, o bom humor do mercado veio com a melhora da perspectiva que o Fed colocou para a economia norte-americana ao elevar a estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) para 2021, de 4,2% para 6,5%, e sinalizar recuperação do mercado de trabalho, com a previsão de queda da taxa de desemprego para 4,5%, ante 5,0% na projeção anterior.

“O Fed vislumbra uma recuperação econômica mais rápida do que previsto anteriormente”, comenta, acrescentando que a autoridade monetária, além de manter a taxa de juros entre a faixa entre zero e 0,25% e o programa de compra de ativos, reforçou que não subirá a taxa de juros até 2023.

Brum ressalta que o banco central dos Estados Unidos encurtou o prazo em relação à previsão anterior, que era 2024. “Isso é positivo não só para a economia norte-americana, mas para as moedas emergentes como o Brasil porque com a perspectiva de juros baixos por mais tempo, tira a pressão de que os emergentes devem subir as taxas de juros rapidamente para acompanhar os Estados Unidos”, diz.

A economista da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, ressalta que na coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, houve o comentário de que a economia tem que estar “em pleno vapor” e a inflação em 12 meses segue em 2%. “Como as incertezas são muito grandes por conta da pandemia, mesmo que os Estados Unidos estejam bem avançados no cronograma de vacinas, eles estão bem cautelosos”, avalia.

Ela pondera que, por mais que a expectativa em relação ao PIB tenha avançado acima de 6%, o Fed quer garantir a tração da atividade econômica. “Para isso, eles estão abrindo mão de ficar se apegando à inflação nos 2% no curto prazo. Isso contribuiu para a devolução do dólar lá fora e aqui, e reduziu a alta das treasuries”, reforça.

O rendimento das taxas de juros futuros dos títulos do governo norte-americano (treasuries) ficou pressionado até a decisão do Fed, com o vencimento de 10 anos chegando à máxima de 1,68% na sessão, no maior valor desde janeiro de 2020 e refletiu em pressão na taxa de câmbio até a divulgação do comunicado.

Daqui a pouco, tem a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) com expectativa de alta da taxa Selic pela primeira vez desde meados de 2015, saindo do piso histórico de 2,00% para 2,50%, segundo o Termômetro CMA.

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, analisa que, diferentemente do Fed, o comunicado do Banco Central (BC) deve trazer um tom mais “hawkish” (duro), sinalizando que se trata da primeira de uma série de futuras altas da Selic com o objetivo de atenuar os efeitos dos choques de preços correntes sobre as expectativas de inflação de longo prazo.

A economista da Veedha aposta que amanhã, ao menos na abertura dos negócios, o mercado deverá reagir ao comunicado do Banco Central brasileiro. “Tem muita coisa que pode sair no documento e que pode indicar esse processo de alta da Selic. Amanhã, é só BC”, finaliza.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta em um dia no qual os investidores realizam os últimos ajustes de expectativas em relação à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sobre os rumos de sua taxa básica de juro, a Selic. Na reta final dio pregão, as taxas passaram praticamente quase incólumes à decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de manter sua política monetária inalterada, apenas estreitando um pouco a abertura.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou o dia com taxa de 4,265%, de 4,255% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,000%, de 5,985%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,40%, de 7,35% ontem; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,96%, de 7,87%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam em alta, com recorde do Dow Jones e do S&P 500, depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) indicou que a taxa básica deve seguir próxima de zero até 2023 e que deixará a inflação ficar acima da meta de 2,0% para garantir uma recuperação econômica completa.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,58%, 33.015,37 pontos

Nasdaq Composto: +0,40%, 13.525,20 pontos

S&P 500: +0,28%, 3.974,12 pontos