Febraban comenta retração de 0,5% setor bancário em 2021

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São Paulo – A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) comentou aspectos relativos dados divulgados hoje no Relatório de Economia Bancária (REB) do Banco Central do Brasil.

Segundo o documento, as cinco maiores instituições financeiras do país concentravam 78,7% do mercado de crédito no segmento bancário em 2021, queda de 0,5 ponto percentual em relação ao ano anterior. O percentual segue em trajetória de redução desde 2018.

Outro dado que traz o relatório é que a rentabilidade do sistema bancário continua se recuperando da queda ocorrida em 2020 e retornou a níveis próximos àqueles observados antes da pandemia. As despesas com provisões estabilizaram-se, e o nível de cobertura de provisões proporciona resiliência ao sistema. O lucro líquido de R$132 bilhões em 2021 foi 49% superior ao registrado pelo sistema em 2020 e 10% acima do observado em 2019.

O retorno sobre o patrimônio líquido (Return on Equity ROE) foi de 15%, próximo aos níveis pré-pandemia. Segundo o BC, o crescimento da margem de juros, a redução das despesas com provisões e os ganhos de eficiência explicam a melhora dos resultados.

A Febraban, por sua vez, em comentário sobre o relatório do Banco Central, argumenta “que a rentabilidade do setor bancário não é excepcional, nem está desalinhada da realidade de outros setores da economia brasileira ou do desempenho do setor bancário em outros países.” Ainda segundo o documento, nos últimos anos, a rentabilidade do setor vem caindo e a concentração diminuindo.

A entidade citou, ainda, levantamento feito anualmente pelo jornal Valor Econômico, em que os bancos ficaram em 18º lugar na rentabilidade setorial no ano de 2021, ou seja, outros 17 setores foram bem mais lucrativos que os bancos.

“Além disso, a última vez que os bancos brasileiros ficaram dentre os 5 setores mais rentáveis da economia, exatamente na quinta posição, foi em 2005, há 17 anos. O setor bancário nunca foi o que apresentou a maior rentabilidade na economia brasileira”, defende a Febraban

A justificativa da Febraban para a melhora da rentabilidade do setor em 2021 foi uma baixa base de comparação, porque considera que o lucro do setor foi bastante baixo em 2020.

Tal recuperação, diz a entidade, pode ser explicada pelos menores gastos com despesas contra devedores duvidosos (PDD), diante da redução das incertezas com a pandemia, retomada da atividade econômica – que propiciou a melhora da receita com serviços -, e controle das despesas, aumentando a eficiência do setor. “Com isso, a rentabilidade do setor praticamente retornou ao nível pré-pandemia – embora ainda tenha ficado um pouco abaixo do nível de 2019.”

A entidade diz ainda que esse fenômeno não ocorreu apenas no Brasil, como nota o próprio Relatório de Economia Bancária do BCB, a maioria dos sistemas bancários de países representativos de diferentes continentes apresentou melhora na rentabilidade em 2021 quando comparado a 2020. “Apesar da melhora, metade dos países (incluindo o Brasil) não superou o nível de ROE registrado em 2019, antes dos efeitos da pandemia. “O REB ainda cita que a rentabilidade do setor no país foi inferior à registrada em países como Rússia, Canadá e México, embora tenha superado a de países como a Turquia, Estados Unidos e Austrália.

A recuperação da rentabilidade do setor bancário em 2021 pode ser explicada pela recuperação da atividade econômica no Brasil e no mundo no ano. Após cair 3,9% em 2020, o PIB brasileiro cresceu 4,6% em 2021, superando o nível de 2019.

Assim, não foi apenas a rentabilidade do setor bancário que retornou para o nível pré-pandemia em 2021 no país. “Analisando os dados da revista Valor 1000, observa-se que a maioria dos setores econômicos registrou uma melhora acentuada da rentabilidade em 2021, com destaque para os setores produtores de matérias-primas, cuja rentabilidade ultrapassou os níveis observados antes da pandemia”, diz a entidade. “Nesse ranking, o setor bancário havia ficado na 10 posição em 2019 e em 2021, ocupou a 18 posição. Isso significa que, apesar da recuperação da rentabilidade do setor bancário, esta ficou aquém da observada em outros 17 setores.”