São Paulo – A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) prevê um crescimento de 0,5% da carteira total de crédito em fevereiro, mostrando um desempenho positivo ou estável por treze meses consecutivos, devido ao término de algumas medidas de fomento para mitigar os efeitos negativos da pandemia. Os dados são uma prévia da nota de Política Monetária e Operações de Crédito, que será apresentada na próxima segunda-feira (29) pelo Banco Central.
“A expansão da carteira de crédito ainda deverá permanecer em um patamar bastante alto, mostrando que mesmo diante da perda de tração da atividade econômica neste início de ano, os bancos continuam irrigando a economia, concedendo crédito para as empresas e famílias”, afirmou a entidade, em nota.
O melhor desempenho de fevereiro deverá vir da carteira pessoa física, com estimativa de crescimento de 0,8%, acelerando o ritmo de expansão em 12 meses, de 10,9% em janeiro, para 11,3%. O avanço deve ser liderado pela carteira com recursos direcionados (+0,9%), cuja principal linha, a de crédito imobiliário, segue beneficiada pelas baixas taxas de juros.
A carteira com recursos livres, por sua vez, deve crescer 0,7% em fevereiro, sugerindo que o impacto das novas medidas restritivas de circulação sobre o consumo das famílias foi baixo no mês.
A carteira pessoa jurídica sobe 0,2% no mês, com desempenho diferente entre recursos livres e direcionados. Segundo o levantamento, a carteira livre deve crescer 0,8% em fevereiro, enquanto a carteira com recursos direcionados deve recuar 0,8%, refletindo o término dos programas públicos de crédito ligados à pandemia. Em ambos os casos, o ritmo de expansão anual deve perder velocidade, embora permaneça em patamar historicamente alto, acima dos 22%.
Segundo a entidade, o bom ritmo de expansão tem contribuído de forma significativa para a retomada da atividade econômica, mas, diante de medidas como o término de programas públicos, a volta, desde janeiro, da cobrança do IOF (imposto sobre operações financeiras) nas operações de crédito e a alíquota maior da CSLL a partir de julho, somadas ao processo de normalização (alta) da Selic, iniciado na última reunião do Copom, a expectativa é de alguma desaceleração nos próximos meses, fazendo com que a expansão do crédito em 2021 seja mais contida que os 16% registrados em 2020.
CONCESSÕES DE CRÉDITO
As concessões de crédito devem apresentar crescimento de 2,5% em fevereiro, um resultado positivo quando comparado com o desempenho de fevereiro de anos anteriores (entre 2012 e 2020, o recuo médio foi de 4,1%), devido ao feriado de Carnaval e do menor número de dias úteis no mês. É provável que o mês de março registre um recuo maior em função da piora das condições sanitárias e o avanço da pandemia.
A expansão de fevereiro deve ser liderada pelas concessões para as empresas, que devem subir 8,6%, principalmente com recursos direcionados, que devem mostrar alta de 16,0%. O resultado deve refletir uma recomposição do volume de concessões após o expressivo recuo em janeiro, de-73,9%, impactado pelo fim dos programas públicos de crédito e pela sazonalidade do mês anterior. As concessões de pessoa jurídica com recursos livres, por sua vez, devem avançar 8,2%, também mostrando alguma melhora ante a forte queda de janeiro (-30,7%), mês tipicamente marcado pelo menor volume de concessões de linhas ligadas ao comércio, como descontos de duplicatas, recebíveis e antecipações.
Já as concessões destinadas às famílias devem recuar 2,1% em fevereiro. Apesar do resultado negativo, a queda é pequena, considerando o desempenho médio do mês, que tem sazonalidade negativa. O recuo deve ser puxado pelas concessões com recursos livres (-3,1% ante média de -6,9%), afetadas pelo baixo nível de consumo para o mês. As concessões com recursos direcionados, por sua vez, devem avançar 4,5%, com a demanda aquecida especialmente por crédito imobiliário, devido às baixas taxas de juros.