Fed considera acelerar redução de compra de ativos, diz Powell

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São Paulo – O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve acelerar a redução de compras de ativos na próxima reunião de política monetária, em dezembro, na medida em que os riscos de uma inflação mais persiste aumentaram, disse o presidente da instituição, Jerome Powell, em depoimento diante do Comitê Bancário do Senado.

“Nós vamos na verdade na próxima reunião, nas próximas semanas, ter uma discussão sobre acelerar esta redução de compra de ativos em alguns meses. No meio tempo, vamos ver mais dados de inflação e emprego, e também vamos ver mais sobre o desenvolvimento da variante Ômicron”, disse Powell.

Segundo ele, o programa de compra de ativos fez um bom trabalho em restaurar o funcionamento dos mercados e apoiar a economia norte-americana em meio a crise provocada pela pandemia de covid-19, afetando a economia assim como mudanças em taxas de juros de curto prazo, e serviu bem a este propósito.

“Agora a economia está forte e as pressões inflacionárias estão altas, então estamos discutindo a possibilidade de reduzir as compras de ativos mais cedo”, afirmou Powell. De acordo com ele, a necessidade das compras de ativos diminuiu, e por isso uma redução mais rápida está sendo considerada.

O cronograma anunciado pelo Fed no início de novembro, na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), prevê a redução do ritmo mensal de suas compras de ativos líquidos em US$ 10 bilhões para títulos do Tesouro e US$ 5 bilhões para títulos lastreados em hipotecas de agências.

Assim, o Fed passou a realizar em novembro compras de US$ 70 bilhões em títulos do Tesouro e de US$ 35 bilhões em títulos garantidos por hipotecas de agências. A partir de dezembro, o Fed comprará US$ 60 bilhões em títulos do Tesouro e US$ 30 bilhões em títulos lastreados em hipotecas de agências. A próxima reunião do Fomc será nos dias 14 e 15 de dezembro.

INFLAÇÃO

Powell também afirmou que será preciso abandonar o termo “transitório” para se referir à inflação e que a pressão sobre os preços no país deve atrapalhar a recuperação do mercado de trabalho a seus níveis pré-pandêmicos.

“Acredito que talvez seja hora de abandonar o termo ‘transitório’ de nossas comunicações de política econômica, já que a maioria entende essa palavra como algo que deve durar pouco tempo, enquanto nós do Fed encaramos algo como transitório quando não deixa marcas na economia”, afirmou.

De acordo com ele, a pressão inflacionária do país está sim mais persistente do que o previsto pelo Fomc e seu risco de permanecer assim por mais tempo aumentou. “Ela deve avançar até 2022”, disse Powell.

O presidente do Fed também destacou que a causa das pressões eram causadas majoritariamente pelo desequilíbrio entre oferta e demanda durante a pandemia causados pelas interrupções nas cadeias de abastecimento. No entanto, agora, a pressão se mantinha por já ter se espalhado a outras áreas.

“Acredito que demorará para voltarmos ao estado do mercado de trabalho pré-pandêmico. Isso depende de questões sanitárias como a segurança das pessoas para voltar ao trabalho mas também é influenciado pela pressão inflacionária. Quando mais tempo ela persiste, mais demorará para alcançar o pleno emprego”, disse ele.

Por fim, Powell garantiu que o Fed está disposto a usar suas ferramentas de forma adaptável dependendo de como a situação econômica do país estiver para alcançar seus mandatos.