Fed deve deixar para setembro aviso prévio sobre redução de compra de ativos

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São Paulo – O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve manter sua política monetária inalterada na reunião que começa amanhã, ao mesmo tempo em que continuará discussões sobre a redução das compras de ativos, com um aviso prévio em setembro, segundo especialistas consultados pela Agência CMA.

Assim, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) manterá a taxa básica de juros entre zero e 0,25% ao ano e continuará com o programa de compra de ativos em pelo menos US$ 120 bilhões mensais em sua decisão da de quarta-feira.

“O Fed deve continuar discutindo sua estratégia de saída”, segundo o economista do Societé Générale, Klaus Baader. “Vemos espaço apenas para um modesto fortalecimento da linguagem da redução. As autoridades do Fed ainda não estão prontas para fazer anúncios precisos”.

Para o estrategista sênior do Rabobank, Philip Marey, da mesma forma, o Fomc continuará sua discussão sobre redução gradual iniciada em junho, com dois anúncios ainda este ano: a decisão de começar a diminuir e um ‘aviso prévio’ da decisão. “Ambos são susceptíveis de ter mais impacto no mercado do que o início real da redução”, disse.

“O aviso prévio de Powell pode vir no simpósio de Jackson Hole no final de agosto ou na reunião do Fomc em setembro. A decisão real é esperada no quarto trimestre, com o encontro de dezembro como um dos principais candidatos, pois envolve projeções atualizadas. O Fed pode então anunciar que a redução gradual começa no próximo ano”, acrescentou Marey.

O estrategista do Rabobank destacou que o cenário básico do Fed é que a recente aceleração da inflação é temporária. No entanto, o depoimento do presidente do Fed, Jerome Powell, ao Congresso “mostrou que o Fed começou a descrever o que seria necessário para mudar para um cenário alternativo”.

No depoimento, Powell disse que a economia dos Estados Unidos ainda está longe de alcançar progressos substanciais que permitiriam a redução de estímulos, e que avisaria com antecedência antes de mudanças nas compras de ativos.

Powell também atualizou sua linguagem sobre o que faria o Fomc ajustar política, falando em “sinais de que a trajetória da inflação ou as expectativas de inflação em mais longo prazo estavam se movendo materialmente e persistentemente além dos níveis consistentes com nosso objetivo”.

Além disso, segundo a ata da reunião de junho, a maioria dos membros do Fomc julgou que os riscos para as projeções de inflação tendiam ao lado positivo por causa das preocupações de que interrupções no fornecimento e escassez de mão de obra podem durar mais tempo e ter efeitos maiores ou mais persistentes sobre os preços e salários do que atualmente assumido.

Ainda assim, “os acontecimentos desde aquela reunião sugerem que o Fed pode não estar tão perto de retirar o apoio”, disse o economista da Capital Economics, Andrew Hunter. “Ainda achamos que a redução não vai começar até o próximo ano, com um anúncio prévio possivelmente chegando na reunião de setembro. Não esperamos que a taxa de juros aumente até 2023”.

Para Hunter, embora muitos membros do Fomc tenham defendido a redução de estímulos, a ata de junho mostrou que eles reconheceram a ausência de progressos e que era necessário paciência ao considerar mudanças no programa. Como resultado, eles apenas concordaram em começar a discutir planos para diminuir as compras.

“Enquanto isso, dados recentes lançaram dúvidas sobre a provável força da recuperação econômica no segundo semestre do ano, já que os preços em alta consomem poder de compra e reduzem o consumo real”, disse Hunter, citando a alta de 0,9% ao mês nos preços ao consumidor de junho.

Por fim, a variante Delta introduz uma nova incerteza, mas mudanças recentes na declaração do Fed indicam que as autoridades não mais acreditam que o vírus representa riscos consideráveis para a economia. “Na maior parte, concordamos”, acrescentou Hunter, citando que o avanço de casos em algumas regiões pode convencer as pessoas a se vacinarem.