São Paulo – Os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) concordaram que uma política monetária restritiva é a estratégia certa para conter a inflação nos Estados Unidos, e alguns esperam que tal medida permaneça ativa por “algum tempo” para fazer os efeitos desejados.
No entanto, os diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) tem dúvidas sobre o atraso no impacto de tal ações sobre a economia, já que alguns deles notaram uma resposta “mais rápida do que antes visto” em relação ao aperto monetário.
“Com a inflação permanecendo bem acima do objetivo do Comitê, os participantes julgaram que a mudança para uma postura restritiva da política era necessária para cumprir o mandato legislativo do Comitê de promover o máximo de emprego e estabilidade de preços”, afirma a ata da última reunião de política monetária feita pelo Fomc, durante os dias 26 e 27 de julho.
Na ocasião, foi acordado entre eles elevar a taxa básica de juros do Fed em 0,75 ponto percentual (pp) para a faixa entre 2,25% e 2,5%.
De acordo com eles, mais aumentos na taxa seriam apropriados, mas seu tamanho e ritmo dependeria “das implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas e dos riscos para as perspectivas.”
Para alguns dos membros, “à medida que a postura da política monetária se tornasse mais restritiva, provavelmente seria apropriado em algum momento desacelerar o ritmo dos aumentos das taxas de juros enquanto avaliavam os efeitos dos ajustes cumulativos de política monetária sobre a atividade econômica e a inflação”.
Mas, alguns dos participantes indicaram que “uma vez que a taxa básica de juros atingisse um nível suficientemente restritivo, provavelmente seria apropriado manter esse nível por algum tempo para garantir que a inflação estivesse firmemente em um caminho de volta a 2%”.
De acordo com o documento, os diretores do Comitê estão indecisos sobre os efeitos da política monetária na economia.
Enquanto a maioria julga que as consequências das medidas recentes ainda não eram aparentes nos dados, vários membros acreditam que “alguns dos efeitos das ações e comunicações de políticas estavam aparecendo mais rapidamente do que historicamente acontecia, porque a remoção rápida da acomodação das políticas e das comunicações de apoio já havia levado a um aperto significativo das condições financeiras”.
RISCOS À ESTABILIDADE
Outro ponto novo na ata foi a demonstração de preocupação que alguns dos membros revelaram em relação à estabilidade econômica do país, citando riscos de pouca liquidez e dependência crescente em ativos digitais.
“Vários participantes notaram que a liquidez do mercado financeiro tinha diminuído em algumas áreas, mas que o funcionamento do mercado estava, no entanto, sendo ordenado”, afirma a ata. Alguns dos membros destacaram que o capital de alguns dos maiores bancos do país estava diminuindo nos últimos tempos e pediram maior fiscalização e regulamentação para garantir boa proteção contra impactos.
“Alguns participantes comentaram sobre os desafios de estabilidade financeira impostos pelos ativos digitais. Eles observaram que esses ativos, incluindo stablecoins, estavam sujeitos a vulnerabilidades […] semelhantes às associadas a ativos mais tradicionais”, informa o documento.
Para eles, embora a recente turbulência nos mercados de ativos digitais não tenha se espalhado para outras classes de ativos, a crescente interconectividade deles com outros segmentos do sistema financeiro apresenta grande risco. A ata informa que os membros falaram sobre “a necessidade de fortalecer a supervisão e regulação de certos tipos de instituições financeiras não bancárias”.
Julio Viana / Agência CMA
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