São Paulo – Em decisão unânime, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manteve a taxa de juros na faixa entre zero e 0,25% ao ano e seguiu com a compra de ativos em pelo menos US$ 120 bilhões mensais. No entanto, o comitê apontou que a economia vem progredindo em direção aos seus objetivos e que, portanto, deve moderar o ritmo das compras em breve.
“O Comitê decidiu manter a taxa de juros entre zero e 0,25% ao ano e espera que seja apropriado manter essa faixa até que as condições do mercado de trabalho tenham alcançado níveis consistentes com as avaliações do Comitê de emprego máximo e inflação tenha acelerado para 2% e está a caminho de exceder moderadamente 2% por algum tempo”, diz o comunicado.
Na decisão, o comitê deixa claro que pretende manter a acomodação até que seu mandato duplo – pleno emprego e estabilidade de preços – seja alcançado.
“O Comitê busca atingir o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo. Com a inflação persistentemente abaixo dessa meta de longo prazo, o Comitê terá como objetivo atingir a inflação moderadamente acima de 2% por algum tempo, de forma que a média da inflação seja de 2% ao longo do tempo e as expectativas de inflação de longo prazo permaneçam bem ancoradas em 2%. O Comitê espera manter uma postura acomodatícia da política monetária até que esses resultados sejam alcançados”, diz o comunicado.
Sobre a compra de ativos, o Fomc seguiu com a orientação de que permanecerá em pelo menos US$ 120 bilhões mensais, sendo US$ 80 bilhões em títulos do Tesouro e US$ 40 bilhões em hipotecas. O comitê, no entanto, destacou que a economia norte-americano vem avançando em direção aos seus objetivos. Portanto, caso o progresso econômico no país continue de forma ampla, o Fed deve reduzir o ritmo de compra de ativos, tornando-o moderado, em breve.
“Em dezembro passado, o Comitê indicou que continuaria a aumentar suas posses de títulos do Tesouro em pelo menos US$ 80 bilhões por mês e de títulos garantidos por hipotecas de agências em pelo menos US$ 40 bilhões por mês até que um progresso substancial tenha sido feito em direção aos seus objetivos de emprego máximo e de estabilidade de preços. Desde então, a economia avançou em direção a essas metas. Se o progresso continuar como esperado, o Comitê julga que uma moderação no ritmo de compras de ativos pode ser necessária em breve”, afirma o comunicado.
Segundo o comitê, essas compras de ativos ajudam a promover o funcionamento regular do mercado e condições financeiras acomodatícias, apoiando assim o fluxo de crédito para famílias e empresas.
O mercado esperava ansiosamente por alguma declaração em relação ao ritmo de compra de ativos do Fed, já que alguns membros do banco central – inclusive o próprio presidente, Jerome Powell, em seu discurso no simpósio de Jackson Hole – indicaram que as aquisições poderiam começar a ser reduzidas no fim do ano com a recuperação da economia norte-americana. Analistas consultados pela Agência CMA já haviam adiantado que o aviso de moderação no ritmo de compras viria esse mês, mas esperam a redução apenas no fim do ano.
Como em todas as suas decisões, o Fomc indicou que está pronto para ajustar sua política caso surjam riscos às perspectivas econômicas e que continuará a levar em consideração dados e uma série de informações, entre elas financeiras e de saúde.