São Paulo – Na ausência de uma nova rodada de apoio fiscal e do ressurgimento de casos de covid-19 acompanhado de medidas restritivas, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) discutiram as compras de ativos, incluindo o papel que estão desempenhando no apoio às metas de pleno emprego e estabilidade de preços durante a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
De acordo com a ata do encontro, nessas discussões, os participantes focaram nos objetivos dessas aquisições; considerações para avaliar o ritmo apropriado e a composição das compras de ativos ao longo do tempo; orientação sobre o caminho futuro dessas compras de ativos; e os efeitos potenciais de níveis mais elevados de reservas, associados à expansão em curso dos ativos do Federal Reserve, nos balanços dos bancos e nas taxas do mercado monetário.
“Embora os participantes tenham julgado que ajustes imediatos no ritmo e na composição das compras de ativos não eram necessários, eles reconheceram que as circunstâncias poderiam mudar para justificar tais ajustes. Consequentemente, os participantes viram a consideração contínua e cuidadosa dos próximos passos potenciais para melhorar a orientação do Comitê para suas compras de ativos, conforme apropriado”, afirma do documento.
O Fed retomou suas compras de títulos do Tesouro e de hipotecas em março, quando também cortou a taxa de juros a quase zero para mitigar os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia norte-americana e sobre o mercado financeiro. Desde então, o banco central norte-americano fez ajustes em suas aquisições, comprando agora US$ 120 bilhões desses papéis a cada vez.
Sobre isso, os membros do Fomc, no geral, consideraram o ritmo e a composição atuais eficazes na promoção de condições financeiras acomodatícias. Segunda a ata os participantes observaram que o comitê poderia oferecer mais acomodação, se for o caso, aumentando o ritmo de compras ou transferindo as aquisições de Treasuries para aquelas com prazo mais longo, sem aumentar o tamanho de suas compras.
“Alternativamente, o Comitê poderia fornecer mais acomodação, se apropriado, conduzindo compras no mesmo ritmo e composição em um horizonte mais longo”, diz a ata.
Especialistas ouvidos pela Agência CMA no início do mês, no entanto, acreditam que o Fed deve anunciar um aumento em seus programas de compras de ativos para compensar a ausência de uma nova rodada de apoio fiscal em um momento no qual o país bate recorde de casos diários de covid-19 e muitas cidades introduzem medidas de distanciamento mais severas.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO
Com a visão de que o funcionamento do mercado se recuperou, em grande parte, muitos membros do Fomc indicaram na reunião de deste mês que o papel das compras de ativos mudou mais no sentido de promover condições financeiras acomodatícias para famílias e empresas para apoiar as metas de emprego e inflação do Comitê.
“Ainda assim, os participantes geralmente julgaram que as compras de ativos continuariam a apoiar o funcionamento regular do mercado, e muitos julgaram que as compras de ativos ajudaram a fornecer seguro contra riscos que podem ressurgir nos mercados financeiros em um ambiente de alta incerteza”, diz a ata.
O documento mostra ainda que alguns membros do Fomc indicaram que as compras de ativos também podem ajudar a proteger contra pressões de alta indesejáveis sobre as taxas de longo prazo que podem surgir, por exemplo, da emissão de dívida do Tesouro acima do esperado.
“Vários participantes observaram a possibilidade de que pode haver limites para a quantidade de acomodação adicional que poderia ser fornecida por meio de aumentos nos ativos do Federal Reserve à luz do baixo nível de rendimentos de longo prazo, e expressaram preocupações de que uma expansão significativa nos ativos as participações podem ter consequências indesejadas”, diz a ata.