Fed quer se certificar de que mercado continue acreditando em política rígida para 2023, diz ata

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo – Os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) afirmaram que ainda não é hora de cortar as taxas básicas de juros e levantaram preocupações sobre a percepção do mercado em relação a sua política.

As autoridades concordaram unanimemente em diminuir o ritmo dos aumentos das taxas de juros aprovando um aumento de 0,5 ponto percentual (pp), mas projetaram taxas um pouco mais altas do que o esperado este ano em novas projeções divulgadas em 14 de dezembro, após dois de reunião.

Segundo a ata da conversa, as autoridades sinalizaram preocupações de que seus esforços para reduzir a inflação possam ser mais difíceis se os mercados acreditarem que um corte nas taxas está próximo, em parte devido ao acúmulo de evidências de que a inflação está desacelerando.

“Vários participantes enfatizaram que seria importante deixar claro que uma desaceleração no ritmo de alta das taxas não era uma indicação de qualquer enfraquecimento da determinação do Comitê em atingir sua meta de estabilidade de preços ou um julgamento de que a inflação já estava em uma trajetória descendente persistente”, explica o documento .

Segundo o Fed, “como a política monetária funciona de maneira importante por meio dos mercados financeiros, uma flexibilização injustificada nas condições financeiras, especialmente se motivada por uma percepção errônea do público sobre a função de reação do Comitê, complicaria os esforços do Comitê para restaurar a estabilidade de preços”.

Nas projeções econômicas divulgadas na época da reunião, a maioria das autoridades do Fed traçou planos para elevar a taxa a um nível máximo entre 5% e 5,5% em 2023 e mantê-la até algum momento em 2024. Segundo a maioria, será necessário manter a taxa em tais níveis por um período até eles verem “evidências suficientes de que a inflação está desacelerando a caminho da meta de 2%”.

As autoridades concordaram que os dados de inflação em outubro e novembro mostraram “reduções bem-vindas” no ritmo mensal de aumentos de preços, à medida que os gargalos na cadeia de suprimentos diminuíram. “Mas eles enfatizaram que seriam necessárias substancialmente mais evidências de progresso para ter certeza de que a inflação estava em uma trajetória descendente sustentada”, disse a ata.

Várias autoridades estão mudando seu foco das leituras amplas de inflação para o mercado de trabalho em meio a preocupações de que a alta inflação possa persistir se levar os empregadores a aumentar os salários.

Segundo a ata, o crescimento dos salários não mostrou sinais significativos de desaceleração, principalmente porque as empresas oferecem salários mais altos para atrair novos trabalhadores do que pagam a seus funcionários atuais.

Para corrigir a pressão inflacionária, os membros disseram ser necessário “reequilibrar a demanda e oferta de mão de obra”, que continua desigual, com mais gente procurando trabalhadores do que o número de pessoas procurando emprego.