São Paulo – O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) avaliará nas próximas reuniões de política monetária se as compras de US$ 120 bilhões mensais em títulos do Tesouro e lastreados em hipotecas estão em linha como o progresso substancial em direção ao mandato duplo, segundo novo relatório de política monetária divulgado pelo banco central norte-americano.
“O Comitê espera que essas compras continuem pelo menos nesse ritmo até que um progresso substancial seja feito em direção às metas de emprego máximo e estabilidade de preços. Nas próximas reuniões, o Comitê continuará avaliando o progresso da economia em direção a essas metas desde que o Comitê adotou sua orientação de compra de ativos em dezembro passado”, diz o relatório.
O entendimento confirma a sinalização da ata da reunião de junho do Fomc, que mostrou que seus membros defendem a discussão na direção da redução da compra de ativos quando o progresso substancial na direção das metas do Fed for alcançado. A ata indicou que esse progresso deve acontecer antes do previsto, mas ainda não foi atingido, muito por conta dos mais de 5 milhões de desempregados nos Estados Unidos.
Em março do ano passado, quando a crise provocada pela pandemia de covid-19 provocou o fechamento da economia norte-americana, o Fed lançou uma série de medidas extraordinárias de apoio, incluindo a compra de ativos e o corte da taxa de juros para perto de zero – mesmo patamar atual.
“Para continuar apoiando a recuperação econômica, o Fomc manteve a taxa de juros perto de zero e o ritmo mensal de compras de ativos. O Comitê espera que seja apropriado manter a taxa de juros até que as condições do mercado de trabalho atinjam níveis consistentes com suas avaliações de emprego máximo e a inflação acelere para 2% e esteja a caminho de exceder moderadamente esse nível por algum tempo”, diz o relatório de política monetária.
INFLAÇÃO
O salto da inflação nos Estados Unidos está ligado a efeitos de base e problemas na cadeia de abastecimento que devem ser resolvidos com a normalização do processo de reabertura da economia, segundo novo relatório de política monetária divulgado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
“Parte da força nas recentes leituras de inflação de 12 meses reflete a comparação dos preços atuais com os preços que despencaram no início da pandemia, à medida que as famílias reduziram os gastos – um resultado transitório dos ‘efeitos de base’. A pressão de alta sobre a inflação mais duradoura, mas provavelmente ainda temporária, veio dos preços de bens que enfrentam gargalos na cadeia de suprimentos, como veículos motorizados e eletrodomésticos”, diz o documento.
A inflação disparou nos Estados Unidos nos últimos meses, acompanhando o processo de reabertura da economia norte-americana, o que alimentou especulações de que o Federal Reserve seria forçado a elevar a sua taxa de juros perto de zero antes do previsto.
Em sua reunião de 16 de junho, os membros do Fomc passaram a prever duas elevações da taxa em 2023, antecipando um aperto monetário que estava previsto para depois de 2024 quando as projeções de março foram divulgadas.
EMPREGO
O mercado de trabalho norte-americano segue em rápida recuperação, mas a taxa de desemprego permanece elevada e a participação da força de trabalho não aumentou em relação às taxas baixas que prevaleceram durante grande parte do ano passado, segundo novo relatório de política monetária divulgado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Segundo o documento, há nos Estados Unidos um descompasso entre a demanda por trabalhadores conforme a economia segue seu processo de reabertura e a oferta de mão de obra, que ainda é escassa por fatores como benefícios federais aos desempregados, temor do novo coronavírus e necessidade de cuidado dos filhos.
“Aumento da demanda por trabalho, que ultrapassou a recuperação da oferta de trabalho, resultou em um salto nas vagas de empregos e na intensificação dos ganhos salariais nos últimos meses”, diz o relatório.
ECONOMIA
A economia norte-americana está se recuperando graças ao aumento dos gastos dos consumidores e também da retomada dos investimentos das empresas, segundo novo relatório de política monetária divulgado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
O documento, no entanto, alerta que esse processo de recuperação esbarra nos desafios da cadeia de abastecimento, que tem provocado a paralisação da produção, por exemplo, de automóveis nos Estados Unidos pela falta de chips.
“No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto real subiu 6,4%, impulsionado por um aumento no consumo das famílias e um avanço sólido no investimento empresarial, mas contido por uma redução substancial dos estoques, à medida que as empresas enfrentavam gargalos de produção”, diz o relatório.