São Paulo, SP – A Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou na terça-feira (24) uma nota alertando que o Brasil corre o risco de desabastecimento de óleo diesel no início do segundo semestre deste ano, em função da prevista escassez de oferta no mercado internacional e do baixo nível dos estoques mundiais.
Apesar de ser autossuficiente na produção de petróleo, o Brasil importa atualmente cerca de 25% de suas necessidades de diesel no mercado interno, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), devido à baixa utilização das refinarias brasileiras e a não conclusão de obras importantes no setor.
A demanda brasileira pelo produto tende a crescer a partir de junho com o aumento da safra agrícola, a maior circulação de caminhões e a ampliação da retomada do consumo no período pós-pandemia da Covid-19.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a diretoria da Petrobras enviou no início da semana ofício ao Ministério de Minas e Energia, reforçando o risco de desabastecimento de diesel no país. Sem a importação, a estatal só consegue abastecer metade do mercado interno de diesel. Para os especialistas do mercado, se os preços da Petrobras não forem alinhados ao mercado internacional, conforme vem sendo defendido pela estatal, haverá falta de produto.
Segundo a FUP, a dependência pelo produto importado revela o equívoco da política do governo Bolsonaro, que não criou novas refinarias, reduziu investimentos no setor do refino e decidiu vender unidades da Petrobrás.
O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, lembra que grande parte do diesel importado pelo Brasil, cerca de 80%, é fornecido pelos Estados Unidos, que estão mandando muito produto para a Europa. “Há possibilidade real de faltar diesel no mercado brasileiro ou de o preço desse combustível explodir no país, ressalta Bacelar.
Para o economista do Dieese/FUP, Cloviomar Cararine, a Petrobrás está num dilema, ou atende aos acionistas, com lucros e dividendos recordes, ou reduz preço na refinaria, que impacta na bomba.
Barcelar enfatizou que o presidente Jair Bolsonaro não muda ou abandona a política de preço de paridade de importação porque não quer. “O PPI não é lei; é decisão do Executivo. A questão central é que o governo não quer arranjar briga, nem com o mercado, nem com os acionistas privados que, com o atual modelo, têm a garantia de dividendos espetaculares, conclui Bacelar.