São Paulo – A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) pediu que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil sejam investigados por uso político no episódio do manifesto da Fiesp que pede harmonia entre os Poderes e envolvia a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).
Para o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, é saudável que toda denúncia seja investigada, já que a “Caixa e o BB são bancos públicos e pertencem à população”.
“É importante que toda a denúncia seja investigada com transparência e responsabilidade para que tudo fique esclarecido e a população seja informada. Se houver irregularidades, que os culpados sejam punidos”, afirmou Takemoto em nota da Fenae enviada à jornalistas.
Para a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara, o caso reforça o que se tem denunciado sobre uso político do banco.
“Pedro Guimarães criou o ‘CaixaTur’ [área administrativa] para viajar pelo país dizendo que está estimulando negócios quando, na verdade, está em plena campanha eleitoral antecipada, o que é errado. A cada viagem, faz declarações favoráveis ao atual governo e depreciativas dos governos anteriores”, completa Uehara.
Na última semana, as direções da Caixa e do Banco do Brasil ameaçaram romper com a Febraban após a entidade manifestar apoio a um manifesto pela democracia.
A Federação acabou se retirando do movimento coordenado pela Fiesp e os dois bancos públicos permaneceram associados à Febraban. O manifesto, que seria divulgado no final de agosto, foi publicado nesta sexta-feira (10) com o apoio de 247 entidades, sem a assinatura da Febraban.
ENTENDA
Nesta quarta-feira (8), o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) que analise os eventos que resultaram na possibilidade de o Banco do Brasil e a Caixa Econômica deixarem a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) por causa de um manifesto pela democracia.
No mesmo documento, pede que os presidentes dos bancos públicos sejam afastados se ficar comprovado que eles agiram com base em premissas políticas.
No pedido, Furtado afirma, citando reportagens, que “durante a discussão a respeito do conteúdo do manifesto assinado pela Febraban defendendo a democracia e a harmonia entre os poderes, os bancos públicos, Caixa e BB, cujos dirigentes acreditavam que o documento teria viés político contra o atual governo, ameaçaram dirigentes de outros bancos de perder negócios com o governo e ainda de deixar a federação”.
“O episódio mostra o claro posicionamento político dos dirigentes dos bancos estatais Caixa e Banco do Brasil, tanto na decisão de sair quanto na de permanecer na federação, em desvio aos princípios que deveriam nortear as ações da administração pública”
Segundo Furtado, as ameaças dos presidentes da Caixa e do Banco do Brasil “ocorreram por entenderem que o manifesto seria contrário aos interesses do governo” e isso afronta os princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade.
O TCU informou que ainda não há processo autuado referente ao pedido feito pelo procurador.